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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Evangelho – I Domingo da Quaresma - Mc 1, 12-15 - Ano B

Conclusão dos comentários ao Evangelho – I Domingo da Quaresma
Progredir no amor e no conhecimento
Para o cumprimento dessa obrigação, a Igreja nos orienta maternalmente através da liturgia deste domingo. Já a Oração do dia nos indica de certa maneira o caminho: “Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”.
Com efeito, precisamos “progredir no conhecimento de Jesus Cristo”, porque sendo Ele Deus e Homem verdadeiro é o arquétipo de todo o universo, conforme afirma São Paulo: “N’Ele foram criadas todas as coisas nos Céus e na Terra, as criaturas visíveis e as invisíveis” (Col 1, 16).
Mas basta conhecer? Não. Bem diz São João da Cruz: “No entardecer desta vida sereis julgados segundo o amor”.24 A mais profunda compreensão da doutrina deve servir, sobretudo, para aumentar a caridade em nós, de forma que melhor conhecendo a adorável Pessoa de Nosso Senhor, tenhamos maiores possibilidades de “corresponder a seu amor”.
Deus espera a nossa conversão
Nada disto obteremos, porém, sem o auxílio da graça. O homem não tem forças por si mesmo para adequar estavelmente conforme Nosso Senhor seus pensamentos, desejos, ações e sentimentos. Para tornar efetiva a conversão à qual Jesus nos convida por meio da liturgia deste domingo, indispensável será juntarmos as mãos em oração e dizer, junto com o profeta: “Converte-me, e converter-me-ei, porque Tu és o Senhor meu Deus” (Jr 31, 18b).
Esse nosso desejo de mudarmos de vida neste período de penitência quaresmal deve estar, portanto, pervadido de muita confiança. O triunfo de Cristo no deserto obteve graças superabundantes a todo seu Corpo Místico para vencer as tentações do demônio. Nossa fortaleza está em Jesus e, desde que não nos divorciemos da Cabeça, nada poderá satanás contra nós.
Mas, se ao fazermos exame de consciência, acharmos uma falta aqui ou outra ali, não desesperemos. “Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus” (I Pd 3, 18). Ele conquistou a vitória sobre as nossas faltas para todo sempre. Basta reconhecermos a nossa miséria e pedirmos perdão. Como retribuir tanta bondade?
Peçamos ardentemente a Maria Santíssima a graça de uma autêntica conversão, isto é a compreensão entusiasmada e admirativa do inefável amor do seu divino Filho por cada um de nós que nos leve a trilhar uma vida santa, a caminho do Céu.
1 SANTO AGOSTINHO. Enarrationes in Psalmos. Ps.134, c.10.
2 Cf. CONCÍLIO VATICANO II. Dei Verbum, n.3.
3 CIC 58.
4 SÃO LUÍS GRIGNION DE MONTFORT. Traité de la vraie dévotion à la Sainte Vierge. 2.ed. Tours: Alfred Mame, 1931, p.58.
5 TANQUEREY, Adolphe. La vie de Jésus dans l’Église. Tournai: Desclée, 1933, p.59-61.
6 SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Las Catequesis Bautismales. 2.ed. Madrid: Ciudad Nueva, 2007, p.149-150.
7 CONCÍLIO VATICANO II. Lumen gentium, n.3.
8 Idem, Sacrosanctum concilium, n.5.
9 Cf. BENTO XVI. Jesus de Nazaré – Do Batismo no Jordão à Transfiguração. São Paulo: Planeta, 2007, p.37. Sobre este mesmo episódio, afirma o Doutor Angélico: “Quando atingiu a idade perfeita, na qual devia ensinar, fazer milagres e atrair os homens a Si, então devia ser manifestada sua divindade pelo testemunho do Pai, para tornar mais digno de fé o seu ensinamento” (SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica, III, q.39, a.8, ad.3).
10 RICCIOTTI, Giuseppe. Vita di Gesù Cristo. 14.ed. Città Vaticano: Tipografia Poliglotta Vaticana, 1941, p.313.
11 Veja-se, a este propósito, SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., III, q.41, a.1.
12 SÃO GREGÓRIO MAGNO. In Evang. l.1, homil.16 ML 76, 1135, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., III, q.41, a.1, resp.
13 Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., III, q.41 a.1, resp.
14 SÃO TOMÁS DE AQUINO. In Orationem Dominicam, art.6.
15 ROYO MARÍN, OP, Antonio. Nada te turbe, nada te espante. 3.ed. Madrid: Palabra, 1982, p.56-57.
16 TISSOT, Joseph. A arte de aproveitar as próprias faltas. São Paulo: Quadrante, 1925, p.38-39.
17 SÃO FRANCISCO DE SALES. Œuvres Complètes. Lettres spirituelles. 2.ed. Paris: Louis Vivès, 1862, t.XI, p.425-426.
18 FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. Paris: Letouzey et Ané, 1912, t.VII, p.195. MALDONADO, SJ, Juan de. Comentarios a los cuatro Evange lios – San Marcos y San Lucas. Madrid: BAC, v.II, 1951, p.41. SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica, III, q.41, a.3, ad.2.
19 SÃO JOÃO CRISÓSTOMO, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Catena Áurea – Expositio in Marcum. c.1, l.5.
20 Cf. FILLION, op. cit., ibidem.
21 SÃO BEDA, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Catena Áurea – Expositio in Marcum. c.1, l.5.
22 CONCÍLIO VATICANO II, Lumen gentium, n.40. SANTO 23
23 AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Obras Ascéticas. Madrid: BAC, 1952, v.I, p.392.

24 SÃO JOÃO DA CRUZ. Vida y obras de San Juan de la Cruz. Madrid: BAC, 1950, p.1288.

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