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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Evangelho 3º Domingo da Quaresma Lc 13, 1-9 Ano C - 2013


Continuação dos comentários ao Evangelho 3º Domingo da Quaresma Lc 13, 1-9  Ano C -  2013

A propósito do castigo temporal, alerta para a pena eterna

2“Jesus lhes respondeu: ‘Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus por terem sofrido tal coisa?3 Eu vos digo que não. Mas, se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo’”.

Imaginavam os portadores da notícia que, sendo galileu, Jesus tomaria naturalmente o partido dos compatriotas mortos. Talvez até esperassem que a brutalidade da repressão levasse o Divino Mestre a pronunciar-Se a favor do nacionalismo judaico.

Ora, as cogitações de Nosso Senhor situavam-se sempre num plano muito superior ao das disputas políticas. Em sua resposta, Ele não Se compromete com os aspectos concretos da questão, mas aproveita a circunstância para dar uma lição moral, assim sintetizada por Fillion: “Sem julgar o procedimento do governador, nem descer ao terreno das discussões políticas, recorda aos seus ouvintes que, como todos ofenderam a Deus, estão todos expostos aos golpes da justiça divina, enquanto não se arrependerem e se converterem sinceramente”.4

Deparamo-nos, aqui, com uma primeira atitude de Jesus a imitar: quando um fato da vida cotidiana se apresentar revestido de especial interesse, evitemos analisá-lo apenas segundo os aspectos terrenos, e procuremos elevar-nos até o plano sobrenatural, a fim de melhor julgá-lo.

De outro lado, na opinião de Leal e os outros professores da Companhia de Jesus, o teor da resposta do Divino Mestre visava corrigir uma ideia errada comum entre os judeus daquela época, segundo a qual toda dor era um castigo.5 Porém, ensina o Cardeal Gomá, só o Senhor “sabe se existe alguma relação entre os pecados pessoais e as desgraças ocorridas a alguém; os exemplos de Jó, de Epulão e Lázaro desmentem a teoria errônea e supersticiosa dos judeus”.6

Ao afirmar que aqueles galileus mortos não eram mais pecadores do que os seus interlocutores, Jesus lança mão de um recurso psicológico para mais vivamente alertá-los sobre a gravidade intrínseca do pecado e das penas correspondentes. Pois, como afirma Maldonado, “tencionava Jesus advertir, acerca da pena eterna, os seus ouvintes impressionados pela narração daquele castigo temporal; como se lhes dissesse: [...] não reputeis miseráveis os homens que sofreram essa morte corporal, mas sim aqueles que sofrerão a morte da alma, e esta cairá com certeza sobre todos vós, se não fizerdes oportuna penitência”.7

Continua no próximo post

4 FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. Madrid: Rialp, s/d, v.II, p.387.
5 Cf. LEAL, SJ, Juan; PÁ- RAMO, SJ, Severiano del; ALONSO, SJ, José. La Sagrada Escritura. Evangelios. Madrid: BAC, 1961, v.I, p.696.
6 GOMÁ Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio explicado. Madrid: Casulleras, 1930. v.III, p.244.
7 MALDONADO, SJ, Juan de. Comentarios a los cuatro Evangelios – II Evangelios de San Marcos y San Lucas. Madrid: BAC, 1951, p.616.

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