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quarta-feira, 6 de março de 2013

EVANGELHO DO 4º DOMINGO DA QUARESMA ANO C 2013 - Lc 15,1-3;11-32


CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO IV DOMINGO DA QUARESMA  ANO C  2013  - Lc 15,1-3;11-32

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO


Soberba, inveja e ira na reação do primogênito

O versículo 25 nos oferece outros elementos da pompa daquela grande solenidade: a música coral e instrumental ouvida pelo primogênito ao retornar do campo. Tão inusitado era haver em sua casa tais manifestações de contentamento, que receou entrar

nas dependências principais, certamente devido às suas vestes campestres, e talvez por julgar elevado o nível daquele evento, preferiu antes perguntar a um dos empregados qual a razão de tamanha e exuberante euforia. Nenhum outro motivo lhe teria arrancado tanta e tão indignada cólera. Esquematizemos os versículos 28 a 32 da Parábola:

O primogênito era boa pessoa, segundo a narração, pois vivia constantemente junto ao seu progenitor e tudo o que possuía deixara em mãos deste. Nunca havia praticado a menor desobediência, num serviço prestado por longos anos. Era, portanto, muito disciplinado e fiel.

Porém, sua reação face à conversão do pródigo não teve origem em nenhuma das qualidades enunciadas. Pelo contrário, foi movida pela soberba, a inveja e a ira, como inúmeras vezes encontramos em nossas relações sociais.

Soberba: Ao enunciar os motivos pelos quais se negava a participar das comemorações, começa por auto-elogiar-se, constituindo sua virtude na lei em função da qual deve ser julgada a conduta de seu pai. É bem exatamente esse o critério do orgulhoso: ele se senta no trono de Deus e passa a realizar o papel de Lei e de Juiz.
Em sua explosão de vaidade, não se dá conta do grande contentamento do pai pela recuperação do filho pródigo. O pai sabia perfeitamente por quais antros havia passado o menor, mas aquele era o momento de tudo esquecer. O orgulho tolhe a visão equilibrada e harmônica dos acontecimentos e, por isso, leva o primogênito a ferir o coração do pai com a recordação dos desvios morais de seu irmão.

Inveja: Transparece esse vício na comparação: a ele um vitelo gordo, a mim nem sequer um cabrito. Esse é outro costume comum existente no mundo, desde o assassinato de Abel, praticado por Caim.

Ira: “Ele indignou-se ...” Suas virtudes receberam o honroso convite para atingir o grau heróico com a notícia da reentrada de seu irmão, mas a exteriorização de sua cólera manchou essas humanas qualidades que poderiam ter sido sobrenaturalizadas.

Em síntese, o pai, ao avistar ao longe o filho, de alegria corre para encontrá-lo. O irmão, amargurado e triste, nega-se a tomar parte no banquete. O pai, tomado de emoção, abraça-o e o cobre de beijos. O primogênito se toma de indignação e recalcitra em permanecer fora.

O filho mais velho peca por falta de caridade, ao julgar injusta a festa pela volta de seu irmão. E, além do mais, peca contra o respeito devido ao pai, tornando claro, com seu procedimento, o quanto censura seu progenitor por tudo o que fez ao seu irmão menor. E, por fim, peca também por desobediência à determinação do pai no sentido de que todos participem do banquete.

Evidentemente, são mais graves as faltas do menor. Mas há algo de repugnante nos vícios praticados pelo maior. Em um transparece a debilidade da vontade; no outro, a maldade de coração.

Continua no próximo post.

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