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domingo, 30 de junho de 2013

EVANGELHO XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C - 2013 - Lc 10, 1-12.17-20

EVANGELHO 14 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2013 Lc 10, l-12.17-20
Naquele tempo, o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E dizia-lhes “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por Isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.  Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos.  Não leveis bolsa nem sacola nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós.  Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa.
8 Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’. 10 Mas, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: ‘‘‘Até a poeira de vossa cidade que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós’. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo! 2 Eu vos digo que naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade”. Os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”.18 Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. ‘‘ Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. 20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu” (Lc 10, 1-12.17-20).
 Comentários ao Evangelho do XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
O vade-mécum do apóstolo
Válidas para todas as épocas históricas, as normas dadas pelo Divino Mestre aos setenta e dois discípulos delineiam o perfil de um auténtico evangelizador e constituem precioso guia para conduzir os homens à verdadeira felicidade.
Como alcançar a felicidade?
Pródigo em irradiar a luz e o calor, o Astro Rei anuncia  o início e o término de cada dia com fulgores sempre novos, oferecendo a quem quiser contemplá-lo, no alvorecer ou no ocaso, um belo espetáculo que proclama a grandeza de Deus. Algo semelhante pode ser observado em todos os seres materiais, pois o Criador os dispôs, um a um, conforme os desígnios de sua sabedoria, e “tudo tende regularmente para a sua finalidade” (Edo 43, 28). As árvores frutíferas, por exemplo, dão em alimento aos homens e aos animais a abundância de seus frutos, com a diversidade de sabores, perfumes, formatos e colorações que caracteriza a riqueza de sua vitalidade. E, quer em meio às águas, quer nas alturas do firmamento, sobre a Terra ou até nas profundezas dela, o reino animal manifesta com profusão ainda maior as infinitas perfeições do Autor da vida. Guiados por instintos inerrantes, os animais movem-se com impressionante acerto para obter o seu sustento, e algumas espécies constroem abrigos tão engenhosos, como é o caso das abelhas, que causam admiração à própria inteligência humana. A respeito de tão eloquente harmonia da criação, afirma São Boaventura: “O universo é semelhante a um canto magnífico que desenrola suas maravilhosas consonâncias; suas partes se sucedem até que todas as coisas sejam ordenadas em vista de seu fim”.1 Este fim último e absoluto de todas as criaturas consiste em dar glória a seu Criador, pois o mundo foi por Ele tirado do nada, não por uma necessidade, mas como manifestação de uma bondade infinita, conforme ensina São Tomás.2
Da parte dos seres irracionais, esse louvor é tributado pelo simples fato de existirem e trazerem em si reflexos do Criador, como canta o Eclesiástico: “A obra do Senhor está cheia de sua glória” (42, 16). Entretanto, o dever de tal glorificação cabe em especial às criaturas inteligentes e livres — Anjos e homens, por serem capazes de honrar a Deus por amor, de modo consciente, livre e voluntário. O renomado teólogo Frei Royo Marín, OP, pondera: “Ao homem, principalmente, por ser composto de espírito e matéria, corresponde recolher o clamor inteiro da criação, que suspira pela glória de Deus (cf. Rm 8, 18-23), e oferecê-la ao Criador, como um hino grandioso em união com sua própria adoração”.3
Na sua misericórdia, a Providência faz coincidir essa glorificação com a felicidade do ser humano, procurada com incansável ardor ao longo da vida terrena: ‘Alcançando sua própria felicidade, o homem glorifica a Deus e, glorificando-O, encontra sua própria felicidade. São dois fins que se confundem realmente, embora haja entre eles uma diferença de razão. A suprema glorificação de Deus coincide plenamente com a nossa suprema felicidade”,4 conclui o teólogo dominicano. Apesar de tal plenitude ser atingida apenas ao se entrar na bem-aventurança eterna, é possível ao homem gozar de certa felicidade verdadeira ainda nesta vida. Desfrutam-na todos os que orientam a existência rumo à finalidade suma, conhecendo, amando e servindo a Deus, trilogia que se sintetiza na prática da virtude e no empenho em promover a glória d’Ele na Terra.
Ora, como “o bem, enquanto tal, é difusivo; e quanto melhor algo é, tanto mais difunde sua bondade às coisas mais distantes”, as almas possuidoras de tal alegria não a limitam à satisfação pessoal, pois anseiam transmiti-la a todos os semelhantes. Surge, então, o corolário da verdadeira felicidade, sobre o qual o Evangelho deste 14 Domingo do Tempo Comum nos oferece preciosos ensinamentos: fazer o bem ao próximo, levando-o a participar das alegrias da virtude, nesta Terra, rumo às eternas alegrias do Céu.
O VADE-MECUM DO APÓSTOLO
Conquanto não seja possível saber com precisão a ordem cronológica dos fatos ocorridos na fase da vida de Nosso Senhor contemplada no Evangelho de hoje, muitos comentaristas concordam em reunir, como concernentes a uma única viagem, o relato de São João sobre a ida de Jesus a Jerusalém, para a Festa dos Tabernáculos (cf. Jo 7, l-53), e o de São Lucas, ao registrar que o Salvador resolvera dirigir-Se à Cidade Santa porque o tempo da Paixão se aproximava (cf. Lc 9, 51).6
Segundo essa interpretação e e de acordo com a narração do terceiro Evangelista, foi durante essa viagem que Tiago e João perguntaram ao Mestre se poderiam fazer vir fogo do céu sobre os inospitaleiros samaritanos, sendo repreendidos com a belíssima afirmação acerca da missão do Redentor: “O Filho do Homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las” (Lc 9, 56). Em seguida, o Evangelista registra três diálogos entre Jesus e algumas pessoas com vocação para segui-Lo. Os conselhos dados por Nosso Senhor deixam evidenciada a seriedade do chamado para ser Apóstolo e a necessidade imposta pela vocação de romper os laços com o mundo (cf. Lc 9, 57-62).
Situando a escolha dos setenta e dois discípulos logo a seguir, São Lucas compõe um quadro bastante expressivo a respeito da impostação de espírito e da conduta que deve caracterizar os convocados a propagar o Reino de Deus. Provavelmente foi após o término das comemorações religiosas mencionadas por São João que Jesus, visando à evangelização da vasta região da Judeia, instituiu o novo método de ação apostólica considerado no trecho do Evangelho deste domingo.

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