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sexta-feira, 19 de julho de 2013

EVANGELHO DO XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM Lc 11, 1-13 - Ano C - 2013

Evangelho Lc 11, 1-13
Estando Ele a fazer oração em certo lugar, quando acabou, um dos seus discípulos disse-Lhe: “Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos”. 2 Ele respondeu-lhes: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todos os que nos ofendem; e não nos deixes cair em tentação”. 5 Disse-lhes mais: “Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com ele à meia-noite para lhe dizer: Amigo, empresta-me três pães, 6 porque um meu amigo acaba de chegar a minha casa de uma viagem e não tenho nada que lhe dar;7 e ele, respondendo lá de dentro, disser: Não me incomodes, a porta está agora fechada, os meus filhos e eu estamos deitados — não me posso levantar para tos dar. 8 Digo-vos que, ainda que ele não se levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua impertinência se levantará e lhe dará tudo aquilo de que precisar. 9 Eu digo-vos: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10 Porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e ao que bate, se lhe abrirá. 11 “ Qual de entre vós é o pai que, se um filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, em vez de peixe, lhe dará uma serpente? 12 Ou, se lhe pedir um ovo, porventura, dar-lhe-á um escorpião? 13 Se pois vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que Lho pedirem” ( Lc 11, 1-13).
COMENTÁRIO AO EVANGELHO DO XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM  Lc 11, 1-13 -  Ano C - 2013
O poder da oração
Com insuperável beleza literária, neste domingo, Jesus não só nos ensina a bem rezar, como nos indica os meios de tornar infalível nossa oração, incentivando-nos a uma confiança sem limites em suas divinas palavras.
A ORAÇÃO DE JESUS
Jesus ora ao Pai enquanto homem
Um grande mistério e divino exemplo eram as orações de Jesus ao Pai. Como explicar a atitude do Homem-Deus rogando ao Pai por tantas intenções, se Ele mesmo é onipotente e, sobretudo, sendo Eles iguais entre Si? Não parece um tanto contraditório Deus pedir a Deus um auxílio para Si próprio? Não seria mais adequado Ele diretamente tornar efetivos seus anseios, ao invés de orar?
Essas dúvidas e muitas outras se desfarão se meditarmos sobre um comentário feito pelo santo Patriarca Hesíquio de Jerusalém (1). Diz-nos este autor que, desde toda eternidade, o Filho desejava poder dirigir-se ao Pai enquanto inferior, mas era-Lhe impossível realizá-lo, pois, segundo nos explica a Teologia com base na Revelação, as Pessoas da Santíssima Trindade são iguais entre Si. Por sua vez, também o Pai desejava doar algo ao Filho, mas através de que meio, se Eles são idênticos?
Maria resolveu essa questão com o seu “fiat”, permitindo ao Filho fazer-Se Homem. Era de dentro de sua natureza humana que Jesus elevava sua mente a Deus e exprimia os desejos de seu Sagrado Coração, rogando fossem eles concretizados. Ou seja, nunca Jesus rezou enquanto Deus — e nem teria sentido, aliás, Ele assim proceder — mas sempre o fez como homem, pois sabia que certas graças não seriam jamais obtidas senão por meio de seus pedidos, por isso “Ele andava retirado pelas solidões e a orar” (Lc 5, 16).
Exemplo insuperável de oração
Jesus foi para nós um exemplo insuperável da realização de seu próprio conselho: Oportet semper orare et non deficere — “Importa orar sempre e não deixar de o fazer” (Lc 18, 1). É preciso rezar como se respira,  portanto, em nenhum momento perder o fôlego nem o ânimo. A oração unida à de Jesus e feita por sua intercessão, é infalível: “Em verdade, em verdade vos digo que, se pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, Ele vo-la dará” (Jo 16, 23).
Se assim é, pode nossa oração ser realizada sempre de maneira incondicional? Não, os bens temporais, na medida de sua utilidade para nossa salvação, devem ser pedidos segundo a vontade de Deus. Nosso Senhor também a esse respeito nos deu exemplo, ao rogar: “Meu Pai, se é possível, que passe de Mim este cálice! Todavia, não se faça como Eu quero, mas sim como Tu queres” (Mt 26, 39). Ele havia por diversas vezes anunciado sua própria morte e até mesmo a forma de suplício pela qual passaria, e claramente sabia também que seu pedido não seria atendido. Entretanto, com toda antecedência, Ele externou esse anseio para deixar-nos claro o quanto é legítimo exprimirmos nossa dor, manifestando o desejo de que ela termine, mas sempre em conformidade com a vontade de Deus.
A oração infalível de Jesus sacerdote
Haverá orações que devem ser incondicionais? Sim, as graças claramente necessárias para a nossa salvação não podem ser pedidas de maneira condicional. Também quanto a essa forma de rezar, deu-nos exemplo Nosso Senhor. E, aqui sim, suas orações proferidas de maneira absoluta, jamais deixaram de ser atendidas, segundo no-lo explica São Tomás de Aquino (2). Por exemplo, ao rezar por Pedro: “Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 32). Foi pelos frutos dessa oração de Jesus que Pedro perseverou, se santificou e chegou ao seu belíssimo martírio. E certamente será por essa mesma causa que o sucessor de Pedro confirma na fé todos os fiéis.
 Antes de ressuscitar Lázaro, “levantando os olhos ao Céu, disse: Pai, dou-te graças por me teres ouvido. Eu bem sei que me ouves sempre...” (Jo 11, 41-42). Eis uma pequena amostra do infalível poder da oração de Jesus. E alegremo-nos porque a esse propósito São Tomás de Aquino nos ensina o seguinte: “Como a oração pelos outros provém da caridade, quanto mais perfeita é a caridade dos santos que estão na Pátria, mais rezam por nós, para ajudar-nos em nossa viagem; e quanto mais unidos estão a Deus, mais eficaz é sua oração... Por isto se diz de Cristo: o que ressuscitou .... é quem intercede por nós” (3). Jesus é eternamente Sacerdote, e a principal função do ministério sacerdotal é a de interceder junto a Deus pelo povo a ele confiado; e assim como, no Céu, os Santos, os Anjos e a própria Santíssima Virgem pedem a Deus a aplicação dos méritos da Paixão de Jesus às almas, da mesma forma Ele também continua a rezar por nós. Jesus em corpo e alma salva “perpetuamente os que por Ele se aproximam de Deus” (Hb7, 25). Que grande esperança e conforto para nós!

Esta introdução nos auxiliará a melhor acompanharmos o Evangelho deste domingo.
Continua nos próximos posts

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