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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Evangelho XVI Domingo do Tempo Comum - Ano C - 2013 - Lc 10, 38-42

Amorosa repreensão de Jesus
41a “O Senhor, porém, lhe respondeu: ‘Marta, Marta!’”.
Nosso Senhor vira perfeitamente a situação de Marta, mas nada dissera. Porém, quando ela tenta tirar Maria do Seu lado, Ele a repreende dizendo: “Marta, Marta!”.
Como terá pronunciado Jesus essas palavras? Qual a inflexão de Sua voz? Deve ter sido solene, majestosa, mas cheia de afeto! E por certo, ao mesmo tempo, tocara-lhe a alma com uma graça, para ela compreender a fundo o significado da divina resposta.
É curioso notar que, depois da Ressurreição, quando Nosso Senhor Se dirige a Maria Madalena, Ele não repete seu nome. Diz apenas: “Maria”. E ela imediatamente exclama: “Raboni!” (Jo 20, 16). Bastou-lhe ouvir uma só vez o seu nome para entrar em inteira consonância com o Mestre. Em Betânia, entretanto, Ele sentiu necessidade de repetir: “Marta, Marta!”.
Na Sagrada Escritura nada há de supérfluo, e até pequenos detalhes como este revelam um universo de doutrina.
Por que dizer a uma “Marta, Marta”, e à outra somente “Maria”? Os episódios protagonizados pelas duas irmãs refletem estados de espírito quase contrapostos. No primeiro, Nosso Senhor precisa repetir o nome de Marta como “sinal de afeto e advertência a respeito de um ponto grave”,10 porque as pessoas engolfadas em questões práticas têm geralmente tendência a não ouvir. Estando, por assim dizer, imersas numa espécie de sono interior, não é suficiente chamá-las uma só vez. E Jesus deve ter repetido o nome de Marta com inflexões de voz diferentes, como uma música, deixando-a tocada no mais profundo da alma.
Estava servindo só a Jesus, ou também a si própria?
41b “Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas”.
Empenhada em servir Nosso Senhor da melhor maneira possível, talvez Marta tencionasse fazê-lo também para manter o grande prestígio da casa. Por isso se perturbava, tomada por preocupações que não condiziam inteiramente com o amor a Deus: estava em questão o nome da família. E quando Deus não está no centro das nossas considerações, a agitação se estabelece com facilidade.
Não nos esqueçamos de que o valor sobrenatural de toda ação depende da intenção com que ela é praticada. E qual era, nesse caso, o objetivo de Marta? Na medida em que procurava não prejudicar a própria fama, não estava servindo a Nosso Senhor, mas a si própria. Preocupava-se, então, com os bens terrenos, não com os da eternidade. Servia, assim, mais com as mãos do que com o coração.
Essa psicologia pragmática e naturalista de Marta é muito mais comum do que se poderia imaginar. Queria ela agradar a Nosso Senhor, mas com a atenção dividida, voltada em parte para o que é do mundo. Talvez até desejasse chamar a atenção sobre si mesma, esperando receber um elogio por sua presteza.
42 “Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.

“Maria escolheu a melhor parte”, afirma Jesus admoestando Marta. Por suma delicadeza, não formulou a consequência, a qual, no entanto, era inquestionável: coube a ela, portanto, a parte menos elevada...

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