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sábado, 3 de agosto de 2013

Evangelho 19° domingo do Tempo Comum – Ano C – 2013 Lc 12, 32-48

Evangelho Lc 12, 32-48 19º Domingo Tempo Comum Ano C 2013
 Não temais, ó pequenino rebanho, porque foi do agrado do vosso Pai dar-vos o Reino. 33 Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não envelhecem, um tesouro inesgotável no Céu, onde não chega o ladrão, nem a traça corrói. 34 Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
35 Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. 36 Fazei como os homens que esperam o seu senhor quando volta das núpcias, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. 37 Bem-aventurados aqueles servos, a quem o senhor quando vier achar vigiando. Na verdade vos digo que se cingirá, os fará pôr à sua mesa e, passando por entre eles, os servirá. 38 Se vier na segunda vigília, ou na terceira, e assim os encontrar, bem-aventurados são aqueles servos. 39 Sabei que, se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria arrombar a sua casa. 40 Vós, pois, estai preparados porque, na hora que menos pensais, virá o Filho do Homem.
41 Pedro disse-lhe: “Senhor, dizes esta parábola só para nós ou para todos?”
32 O Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá sobre as pessoas da sua casa, para dar a cada um, a seu tempo, a ração alimentar? 43 Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar procedendo assim. 44 Na verdade vos digo que o constituirá administrador de tudo quanto possui. 45 Porém, se aquele servo disser no seu coração: ‘O meu senhor tarda em vir’, e começar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46 chegará o senhor desse servo, no dia em que ele não o espera, e na hora que ele não sabe; castigálo-á severamente e pô-lo-á à parte com os infiéis. 47 Aquele servo, que conheceu a vontade do seu senhor e nada preparou, e não procedeu conforme a sua vontade, levará muitos açoites. 48 Quanto àquele que, não a conhecendo, fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. Porque a todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito confiaram, mais contas lhe pedirão. (Lc 12, 32-48)
Comentário ao Evangelho – 19° domingo do Tempo Comum – Ano C – 2013
Basta rezar?
Um cofre sem fechadura de nada vale. Assim também, uma alma sem vigilância fica à mercê do inimigo. Por isso Jesus insiste tanto nesta virtude, à qual deve sempre complementar uma autêntica piedade.
Virtude da vigilância
Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26, 41), disse o Senhor aos três Apóstolos que mais de perto O acompanhavam na oração no Horto das Oliveiras, na noite em que ia ser entregue. Por mais que o espírito esteja pronto, a carne é fraca, afirmou Ele logo a seguir.
E de fato, a História confere realidade a esta afirmação de Jesus: não poucas almas facilmente perdem o fervor e caem na tibieza, e às vezes até mesmo em pecados graves, por puro descuido. A tal ponto não nos basta somente a oração que a recomendação do Salvador se inicia pela vigilância. Assim como numa fortaleza, havendo uma brecha desguarnecida em sua muralha, por ali penetra o inimigo, da mesma forma o demônio espreita os lados mais débeis de nossa alma para nos atacar e derrotar.
Por isso nos adverte São Pedro: “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (1 Pd 5, 8).
Relação com a prudência
Essa vigilância tem suas raízes na virtude cardeal da prudência. “A prudência não se esconde, mas vela com uma diligência admirável, tal é o medo que tem de ser surpreendida pelas secretas insídias dos maus” (1). São Tomás de Aquino deixa claro que, se a prudência é a virtude que tanto rege a vida moral e espiritual do homem, como também a vida exterior e humana, é claro que a vigilância adquire um lugar importante em nossa vida espiritual e moral (2).
 Na prática dessa virtude vamos de encontro ao zelo de Deus por nossa perseverança, pois Ele nos envia seus anjos “para que nos guardem em todos os nossos caminhos” (Sl 90, 11). Deus “mantém sobre nós, incansável e solícito, aquele singular olho alerta da clemência divina” (3).
Zelo pela salvação da própria alma
Deus criou todas as coisas perfeitas e boas, não podendo proceder d’Ele o mal. Os anjos revoltados, logo no princípio da criação e lançados ao inferno por São Miguel, foram os introdutores do mal já no Paraíso Terrestre e, até hoje, ainda procuram fazê-lo penetrar no âmago das almas. “Aquele que combate Israel não dorme nem dormita. Todo o intuito, todo o afã das milícias espirituais em sua guerra contra nós é o de conduzir- nos e pôr-nos em seu caminho para que as sigamos e nos levem ao desastroso fim que lhes está destinado” (4).
Essa é uma das razões pelas quais devemos cuidar de nossas almas em quaisquer circunstâncias de nossa existência, quer seja na calmaria da clausura de um convento contemplativo, ou na mais intensa das atividades no mundo.
Daí o conselho deixado como herança por nossa Doutora, Santa Teresinha do Menino Jesus : “Vós vos dedicais em excesso às vossas ocupações; vossos afazeres vos preocupam demasiadamente. Li há tempos que os israelitas construíam as muralhas de Jerusalém trabalhando com uma das mãos e empunhando na outra a espada. Eis aqui uma imagem do que devemos fazer: trabalhar apenas com uma mão, reservando a outra para defender nossa alma dos perigos que possam impedir a união com Deus” (5).
Insistem os tratados de vida espiritual num ponto de suma importância: evitar a ociosidade. “Costumavam dizer os Padres do deserto: Que o demônio te encontre sempre ocupado”. E contam que Santo Antão, quando se queixou de que não conseguia estar continuamente em oração, recebeu esta resposta do Céu: “Quando não puderes orar, trabalha” (6).

É circunscrito às considerações sobre a virtude da vigilância que se desenvolve o trecho do Evangelho do 19º Domingo do Tempo Comum, tomando como base três parábolas apresentadas por Jesus. A exortação contida nesses versículos de Lucas também é encontrada em Mateus e Marcos. Estes dois últimos colocam-na ao término do “discurso escatológico”, enquanto Lucas, talvez por querer acentuar o caráter moral da mesma, acaba por localizá-la numa sequência diferente.

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