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domingo, 15 de dezembro de 2013

Evangelho IV Domingo do Advento – Ano A – 2013 – Mt 1, 18-24

Continuação dos comentários ao Evangelho – 4º Domingo do Advento  - Ano A  – 2013 – Mt 1, 18-24
José decide abandoná-La em segredo
19a “... e, não querendo denunciá-La, resolveu abandonar Maria em segredo”.
Segundo a lei mosaica, estando Maria para dar à luz sem a menor participação dele, devia José adotar uma das quatro atitudes seguintes: a primeira era denunciar a Esposa a um tribunal, pedindo anulação dos esponsais; a segunda, levá-La para sua casa, como se fosse o pai do nascituro; a terceira, repudiá-La publicamente, embora escusando-A e sem pedir castigo; e a quarta, emitir libelo de repúdio em privado, diante de duas testemunhas e sem alegar os motivos.5 Ora, qualquer dessas hipóteses era impensável para São José, pois em todas ficaria lesada a honra de Nossa Senhora.
Havia, entretanto, uma quinta saída: fugir, abandonando a esposa grávida, subtraindo-se assim às obrigações impostas pela Lei. Deste modo, assumiria sobre si a infâmia de ter abandonado sem motivo a esposa inocente e o futuro filho, ficando ele mal perante a sociedade. Foi esta a sua escolha.
Ademais, como bem aponta uma importante corrente de comentaristas, diante de mistérios sobrenaturais de tal maneira impenetráveis, São José sentia-se cada vez menos merecedor do sublime convívio com Maria Santíssima e o Filho que d’Ela iria nascer. Assim entende, por exemplo, o padre Jourdain: “José quis afastar-se de Maria por julgar-se indigno de viver na companhia de uma virgem tão santa”.6
Silêncio motivado pela humildade
Bem se compreende que José tenha resolvido abandonar Maria “em segredo”, a fim de pô-La a salvo de qualquer suspeita. Mas, por que ocultar-Lhe essa decisão? Somente um extremo de delicadeza, próprio das almas mais alcandoradas, pode nos explicar esse silêncio: receava colocar sua Esposa na contingência de expor-lhe aquele mistério que ele, por humildade, julgava não ser digno de conhecer.
Na viagem de volta da casa de Santa Isabel, possivelmente, meditava São José sobre tudo isso em seu coração, e ao chegar a Nazaré foi dormir, na paz, com a disposição de no dia seguinte partir às ocultas. Nossa Senhora, por sua vez, tendo ciência infusa, discernia o que se passava na alma do esposo, e rezava. Que admirável equilíbrio de alma o do santo Patriarca, capaz de, nessas circunstâncias, conciliar o sono! Quão extraordinária virtude a desse incomparável varão, cuja alma a Providência acrisolava com o sofrimento, a fim de melhor prepará-lo para o seu papel de pai jurídico de Jesus e guardião da Sagrada Família!
O anjo do Senhor resolve o impasse
O episódio da provação de São José é dos mais pungentes e grandiosos já havidos, em matéria de confiança. Nele, esta virtude é eximiamente praticada tanto por Nossa Senhora em relação a Deus e a seu esposo, como por este em relação a Deus e a Ela.
Ambos souberam manter um silêncio humilde e confiante. Vejamos como resolveu a Providência o impasse criado por esses dois silêncios que se entrecruzaram...
20a “Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: ‘José, filho de Davi ...’”.
Frisando ser José, como Maria, filho de Davi, o anjo evoca a promessa divina de que Cristo nasceria dessa linhagem, ou seja, da mais nobre estirpe do Povo Eleito. Afirmação esta que Fillion leva mais longe ainda, ao escrever: “José era então o principal herdeiro de Davi”.7
Aparece aqui um importante elemento para bem avaliarmos o papel de São José na Sagrada Família e na própria ordem da Encarnação. Assim como Deus escolheu desde toda a eternidade a Mãe da qual nasceria Jesus, algo semelhante fez com aquele que seria o pai nutrício do Verbo Encarnado, dotando-o dos mais altos atributos, inclusive do ponto de vista natural.
O anjo dissipa a provação de São José
20a “... não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque Ela concebeu pela ação do Espírito Santo”.

Para dissipar a provação de José a respeito de sua insuficiência no campo sobrenatural em relação à santidade de Maria, o anjo o convida a não ter medo de recebê-La como esposa. Ao anunciar-lhe que Maria concebera pelo Espírito Santo, mostrava-lhe também não estar Ela — como, aliás, nenhuma criatura humana — à altura desse sublime Mistério. Portanto, o Paráclito que A escolheu haveria de dar-Lhe as graças para o cumprimento de sua incomparável missão. E o mesmo se passaria com ele, José.
Continua...

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