CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO IV DOMINGO DA QUARESMA ANO C 2013 - Lc 15,1-3;11-32
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
Dinamismo e radicalidade do mal
“Passados poucos
dias” ... — Ou seja, o dinamismo do mal não conhece a paciência,
a calma na espera, nem a sabedoria na ação. Uma vez consentida, a paixão não
faz senão exacerbar-se em progressão geométrica, conduzindo à precipitação
incontida em busca de sua satisfação, por quaisquer meios. ...
“juntando tudo o que
era seu ...” —
Ele quis romper todos os laços com os seus, pois suas inclinações não admitiam
freios. Essa é a radicalidade dos que se lançam nas vias do mal. Se assim
procedessem os bons, como seria outro o mundo de hoje! É bem a imagem do
pecador abrasado por seus delírios e ansiando por satisfazer totalmente seus
caprichos. Essa volúpia demonstra o quanto a alma humana tem sede de infinito.
...
“partiu para uma
terra distante ...” — O pecador detesta a presença de olhos conhecidos que o
analisem ou vigiem. Quanto se iludem os pecadores a esse respeito, pois Deus
tudo vê, até nossos mais íntimos pensanimos detalhes de nossa existência, no
dia do Juízo Final. ...
“e lá dissipou os
seus bens vivendo dissolutamente.” — Quantas fortunas arruinadas, quantas famílias
destroçadas, com os respectivos filhos abandonados, quantos efeitos maléficos
incalculáveis, devidos à dissolução de costumes do homem! A esse propósito,
quanto nos enganam o demônio e nossas más inclinações descontroladas!
De herdeiro a guardião de porcos
“Depois de ter
consumido tudo ...” — A sede de infinito não permite o meio termo.
...“houve naquele
país uma grande fome...” — É o amor da Providência Divina não abandonando jamais suas
criaturas. ...
“… e ele começou a
passar necessidades. Foi pôr-se ao serviço de um habitante daquela terra, que o
mandou para os seus campos guardar porcos”. — É imagem da fome que têm
os insensatos depois de se afastarem das consolações e dos tesouros do estado
de graça. Aquilo que o demônio prometia, ele negou. O choque não poderia ser
maior: passar da condição de filho para a de guardião de porcos. Sobretudo por
ser considerado maldito o judeu que apascentasse essa espécie de animais
declarados impuros pela antiga lei. A busca apaixonada do prazer faz o homem
aceitar qualquer condição de vida.
“Desejava encher o
seu ventre das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava”.
— Essas bolotas, mais próprias a engordar do que a satisfazer o apetite, são
vazias de substâncias benéficas para o homem. Constituem elas um símbolo
adequado das vaidades e glórias do mundo: incham nosso orgulho mas não nos
sustentam e nem saciam nossa sede de Deus. E ninguém nolas dá, pois o mundo se
nega a reconhecer o valor alheio, e a implacável lei do egoísmo coordena seus
mínimos gestos e atitudes.
Continua no próximo post.
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