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terça-feira, 18 de junho de 2013

Evangelho XII Domingo do Tempo Comum – Ano – C 2013 Lc 9, 18-24

Jesus interroga os discípulos sobre sua Pessoa
18b Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” 19 Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”.
Voltando-se para os Apóstolos, Nosso Senhor os interroga a respeito do que ouvem dizer sobre Ele. A pergunta possui claramente uma finalidade didática, dando a entender a antecipação de outra mais importante. Podemos imaginar Jesus ouvindo com interesse as mais variadas e calorosas narrações da repercussão de suas obras oferecidas pelos Doze, os quais, no contato direto com as multidões, puderam recolher todo tipo de impressões, para oferecer ao Mestre um substancioso relato dos comentários populares. Sem necessitar de tal testemunho — que já conhecia desde toda a eternidade —, Ele procedeu desse modo para trazer à tona a opinião geral, antes de fixar a verdadeira, que de muito a ultrapassava. Ficaria patente aos olhos dos discípulos, portanto, a insuficiência das afirmações admitidas e a necessidade de possuírem a seu respeito uma visão perfeita.
Tudo indica haver sido essa conversa mais extensa do que a sintética narração dos evangelistas, os quais, na afirmação de São João Crisóstomo, “costumam resumir fatos e palavras, movidos pelo desejo de ser breves e sucintos”.8 Terão aflorado opiniões diversas, mais ou menos acertadas. Sintetizando o parecer dos judeus quando faziam um paralelo entre Jesus e as figuras de João Batista, Elias e Jeremias (cf. Mt 16, 14), 05 Apóstolos transmitem o que era a voz corrente. Não obstante, Jesus era incomparavelmente mais: a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Deus feito Homem, que viera para operar curas corpóreas, sanar as almas e, mediante o sacrifício cruento do Calvário, extirpar a chaga do pecado e abrir as portas do Céu. Por fim, chegara o momento dessa altíssima revelação!
A confissão de Pedro
20 Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: O Cristo de Deus”. 21 Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém.
Depois de ouvir com atenção o que os Apóstolos tinham a dizer, Nosso Senhor os interroga, por sua vez, sobre essa mesma questão. Agora importa saber o pensamento deles, já que estão em privilegiadas condições para emitir um juízo. Não veem Jesus apenas ao longe, nas praças ou no Templo, mas acompanham-No todos os dias; entregaram-se a seu serviço e são os depositários de sua máxima confiança. Seria cabível opinarem o mesmo que o povo, posto que vissem e soubessem muito mais? “Aqui” — dirá São Tomás de Aquino — “a fé dos discípulos é examinada”.9 Ao formular a pergunta, separando-os do resto das pessoas — “e vós?” —, deixa o Mestre entrever que espera de seus seguidores uma resposta diferente, por não corresponderem os comentários do povo à plena verdade. Por isso, ensina São Cirilo: “Quão discreto é esse ‘vós’! Distingue-os dos outros para que também fujam de suas opiniões e assim não tenham uma ideia indigna d’Ele”.10
Sobre a didática empregada por Nosso Senhor ao incitá-los a um parecer, ensina o Doutor Angélico que Ele atuou dessa forma por desejar dar-lhes o mérito da fé.’1 Caberia a Pedro, o Apóstolo veemente, decidido e loquaz, a gloria de ser o primeiro a proclamar que Jesus era o Filho de Deus encarnado, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Sua percepção, todavia, não poderia ser atribuIda à sua mera perspicácia natural, mas sim a uma graça especial para apreender aquilo que a inteligência não alcançava, por se tratar de um dos principais mistérios de nossa fé: “Quando Jesus lhes perguntou qual era o parecer do povo, todos falaram; no momento em que deseja conhecer a opinião pessoal deles, Pedro se adianta a todos e exclama: ‘Tu és o Cristo”.12 Tão solene confissão foi ditada por uma elevada inspiração no interior de Pedro, conforme reconhece o Salvador: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus” (Mt 16, 17). Um magnífico passo rumo à exaltação de Nosso Senhor está dado partindo de seus mais próximos.

A seguir houve a instituição do papado, episódio que faz vibrar a alma católica, apesar de omitido na versão de São Lucas (cf. Mt 16, 18-19). Está dito, no entanto, que Jesus proibiu severamente transmitir a terceiros o que acabava de ser dito, impedindo com divina autoridade que extravasasse daquele âmbito uma declaração de tamanha gravidade. Não é difícil intuir que ali pairava uma graça favorecendo a entusiasmada aceitação da verdade. Além disso, é natural prever a explosão de cólera que esse ato de fé causaria, caso chegasse aos ouvidos das autoridades religiosas de Israel. Havia outro motivo — como analisaremos logo abaixo — para desaconselhar, por ora, a difusão da verdadeira identidade do Senhor.

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