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quinta-feira, 25 de julho de 2013

EVANGELHO DO XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM Lc 11, 1-13 - Ano C - 2013

CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM  Lc 11, 1-13 -  Ano C - 2013
7 e ele respondendo lá de dentro, disser: Não me incomodes, a porta está agora fechada, os meus filhos e eu estamos deitados — não me posso levantar para tos dar.
A situação descrita é constrangedora. Não se sabe de quem se deve ter mais pena, se do anfitrião ou do pai de família. Reportando-nos aos costumes de então, não cabe dúvida estar este último numa posição de maior incômodo, pois todos os seus se encontravam alinhados nos respectivos leitos e, para chegar à despensa, sem luz elétrica, ele precisaria despertar cada um ou, eventualmente, pisar sobre este ou aquele... Portanto, era conveniente levantarem-se todos para executar tal operação. Ora, com um tal diálogo a altas vozes, não deveria haver um só na posse de seu sono a essas alturas. Faltava, aos vizinhos já despertos, somente boa vontade. Tratava-se, da parte destes, de mais um caso típico de mescla de preguiça com egoísmo, aí sim, característica de todas as épocas. Entretanto, torna-se claríssimo pela parábola que, apesar de sua má vontade, o pai de família acabou por se levantar, devido à importuna insistência de seu vizinho, disposto a entregar a este quantos pães quisesse.
8 Digo-vos que, ainda que ele não se levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua impertinência se levantará e lhe dará tudo aquilo de que precisar.
Jesus quer nos convencer sobre a importância da perseverança na oração. Ademais, ensina-nos a não termos timidez ou receio em nossos pedidos a Deus. Evidentemente, no relacionamento humano, as regras de etiqueta e boa educação devem ser observadas sempre. Porém, não se pode ter a menor retração ao entrarmos em conversação com Deus. Neste caso as normas de polidez são contraproducentes, pois Ele quer a ousadia de nossa parte, Ele deseja ser importunado por nós e fará por nós muitíssimo mais do que o pai de família fez por seu vizinho.
De fato, Deus jamais se cansa e nem pode ser incomodado, não dorme e nem faz esforços para se despertar, e está com as portas sempre abertas para nos atender, pronto a nos ouvir durante as vinte e quatro horas do dia. Nunca se irrita e, muito pelo contrário, se alegra com nossa insistência. Quando nossa obstinação atingir o grau máximo de importunidade, aí teremos triunfado em nossa oração.
9 Eu digo-vos: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10 Porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e ao que bate, se lhe abrirá.
As metáforas contidas nestes versículos confirmam nossa fé no grande e infalível poder da oração. São o resumo de uma lei sobrenatural, síntese da infinita misericórdia do Sagrado Coração de Jesus, e infundem em nossas almas a segurança feita de luz, serenidade e paz.
11 Qual de entre vós é o pai que, se um filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? 12 Ou, se lhe pedir um peixe, em vez de peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, porventura dar-lhe-á um escorpião? 13 Se pois vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que Lho pedirem.”
Se os pais nesta terra de exílio, imperfeitos como são, jamais desejam o mal para seus respectivos filhos e sempre procuram dar-lhes do bom e do melhor, quanto mais Deus, o Bem substancial, no trato com aqueles a quem criou.
CONCLUSÃO
A liturgia de hoje condensa em poucos versículos um verdadeiro tratado da oração. Nós devemos rezar sempre. Se Deus nos atende imediatamente, com alegria saibamos agradecer-Lhe, aproveitando-nos de sua infinita paternalidade nos submeta à prova da demora, jamais devemos desanimar, pois o viajante obteve sem tardança e dificuldade alimento e hospedagem de que necessitava, devido à amizade de seu anfitrião; e este, por sua pertinaz insistência, conseguiu os pães indispensáveis para atender a seu hóspede.
Enfim, tanto um quanto outro sairiam bem melhor servidos se pudessem ter recorrido a Maria, Mãe de Misericórdia, Medianeira de todas as graças.

1) Cf. Z.-C. Jourdain, Somme des grandeurs de Marie, livre I chapitre 3, I 2) Suma Teológica III, q. 21, a. 4. 3) Suma Teológica II-II, q. 83, a. 11 4) in Cat. Graec. Patr., apud Catena Áurea, in Lc XI, 1-4. 5) in Cat. Graec. Patr., apud Catena Áurea, in Lc XI, 1-4. 6) De Oratione, 29, apud CIC, nº 2.847.

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