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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Evangelho XXII Domingo do Tempo Comum – Ano C – 2013

Continuação dos comentários ao Evangelho 22º Domingo do Tempo Comum – Ano C – 2013  Lc 14, 1.7-14 
Humildade e admiração
Ao criar os homens com o instinto de sociabilidade, desejava Deus que eles se apoiassem mutuamente na prática do bem, tornando o convívio social uma contínua fonte de afervoramento espiritual. Assim, numa sociedade toda voltada para a prática da virtude, os inferiores admirariam e venerariam os seus superiores e estes lhes retribuiriam com afeto e ternura. Reinaria entre todos a união, a harmonia e a paz.
Ora, o pecado original introduziu no homem uma virulenta tendência à soberba, a qual está na raiz de todos os pecados. Quando essa inclinação não é combatida, o relacionamento entre os homens decai ao nível de uma feira de vaidades e de egoísmos, verdadeira cascata de desprezos, como a que vemos retratada no banquete descrito no Evangelho.
Sutil forma de orgulho
Para bem entendermos em que consiste a prática da virtude da humildade, aqui recomendada por Nosso Senhor, são necessários alguns esclarecimentos, pois não é raro encontrar pessoas que, em nome de uma despretensão mal entendida, tornam-se medíocres, não fazendo render os talentos recebidos de Deus.
A humildade consiste em “andar em verdade”,20 escreveu Santa Teresa de Jesus. Ora, “andamos em verdade” quando nos submetemos a Deus com espírito de religião, somos-Lhe gratos, reconhecendo a nossa total dependência do Criador e compreendendo que tudo quanto temos de bom foi-nos dado por Ele. Pois se de um lado, infelizmente, há em nós defeitos culposos ou meras limitações da natureza, de outro lado, por certo a Divina Providência a ninguém deixou desprovido de qualidades e dons, ora maiores, ora menores.
A propósito, ensina-nos São Tomás não haver oposição entre a humildade e a magnanimidade: “A humildade reprime o apetite, para que ele não busque grandezas além da reta razão, ao passo que a magnanimidade o estimula para o que é grande, segundo a reta razão. Fica claro, portanto, que a magnanimidade não se opõe à humildade, mas, ao contrário, ambas coincidem em que agem segundo a reta razão”.21 São virtudes complementares.

Não caiamos, portanto, numa sutil forma de orgulho que se traduz em apresentar-se como o último dos homens, um ser incapaz de realizar qualquer ação de valor... São Tomás afirma que isso constitui falsa humildade, cognominada por Santo Agostinho de “grande soberba”, porque, na verdade, com esse tipo de fingimento, a pessoa pretende obter uma glória superior.22 Além disso, é também ingratidão em relação aos dons recebidos de Deus. Pelo contrário, aceitemos com mansidão e ânimo aquilo que realmente somos, analisemo-nos com toda objetividade e não nos revoltemos perante eventuais adversidades ou mesmo injustiças, mas saibamos utilizá-las como meio de reparar nossas próprias faltas.
Conclusão no próximo post

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