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sábado, 17 de agosto de 2013

Evangelho XXI Domingo do Tempo Comum – Lc 13, 22-30 - Ano C - 2013

Comentários ao Evangelho 21º Domingo do Tempo Comum -  Lc 13, 22-30– Ano C - 2013
22 Ia pelas cidades e aldeias ensinando, e caminhando para Jerusalém. 23 Alguém Lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ele respondeu-lhe: 24 ‘Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque vos digo que muitos procurarão entrar e não conseguirão. 25 Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, vós, estando fora, começareis a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos. Ele vos responderá: Não sei donde sois. 26 Então começareis a dizer: Comemos e bebemos em tua presença, tu ensinaste nas nossas praças. 27 Ele vos dirá: Não sei donde sois; “afastai-vos de mim vós todos os que praticais a iniquidade”. 28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacob, e todos os profetas do Reino de Deus, e vós serdes expulsos para fora. 29 Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e se sentarão à mesa do Reino de Deus. 30 Então haverá últimos que serão os primeiros, e primeiros que serão os últimos. (Lc 13, 22-30).
A viagem definitiva
Ao se apresentar diante de nós uma possível viagem, nossas atenções começam a dividir-se entre o presente e o futuro, entre o ambiente atual com suas ocupações e o lugar para onde rumaremos. Se nossa ausência for de longa duração, e ainda mais se nosso destino se localizar num país bem distante, entraremos num certo estado de tensão que poderá ser maior ou menor, em função do temperamento e mentalidade de cada um, mas a indiferença total raramente acontecerá.
Passaporte, roupas, objetos, remédios, etc., constituirão um pensamento mais ou menos constante em meio às nossas atividades normais do dia-a-dia, antes de partir. O idioma, os costumes, o clima, a alimentação, etc., excitarão nossa curiosidade, alimentando o sonho de uma experiência nova, meio mitificada quanto às possíveis felicidades. Do amanhecer ao apagar das luzes, nossa imaginação percorrerá as ruas, praças e monumentos daquela cidade onde iremos morar durante um certo tempo. As providências concretas, por menos metódico que se seja, terão prioridade em nossas responsabilidades e afazeres e a tal ponto que provavelmente teremos iniciado nossa viagem muito antes de subir no avião.
No entardecer desta vida, empreenderemos a mais importante e definitiva mudança de nossa existência rumo à... eternidade. Mas será diferente de todas as outras, pois não poderemos levar absolutamente nada de nossos pertences e nem sequer será preciso passaporte. Ela não terá volta atrás e deverá se realizar a sós, sem acompanhantes. A partida é inadiável, desde todo o sempre foi fixada por Deus, e não terá atraso. A chegada tanto poderá dar-se no Inferno, quanto no Céu, e para este último local ainda é possível que haja uma passada pelo Purgatório.
Porém, essa é a viagem por quase todos relegada ao esquecimento. Carreira, dinheiro, prazeres, saúde — em síntese, o mundanismo — é a obsessão que transtorna as mentes desde a saída de Adão do Paraíso, prolongando pelos séculos e milênios os ecos do episódio havido entre Marta e Maria: “Marta, porém, afadigava-se muito na contínua lida da casa. Parou então e disse: ‘Senhor, não Te importas que a minha irmã me tenha deixado sozinha com o serviço da casa? Diz-lhe, pois, que me ajude’. O Senhor respondeu-lhe: ‘Marta, Marta, tu afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas, quando uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.’ ” (Lc 10, 40-42). De fato, só uma coisa é necessária: a salvação eterna. “Pois, que aproveitará a um homem ganhar todo o mundo, se vier a perder a sua alma?” (Mt 16, 26).
O Evangelho de hoje nos convidará a considerar de perto essa passagem para a eternidade.
22 Ia pelas cidades e aldeias ensinando, e caminhando para Jerusalém.
Jesus quer salvar a todos. E estando a caminho de sua última visita a Jerusalém, não deixava de entrar nas cidades e aldeias a fim de ensinar a cada um. Exemplo para nós: em nosso apostolado, jamais devemos fazer acepção de pessoas ou de lugares, a boa nova é destinada a um âmbito universal.
23 Alguém Lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam?
Era evidente tratar-se de uma pergunta feita por um judeu, apesar de estar naqueles tempos generalizada entre o povo a ideia de que todos os filhos de Abraão se salvavam, sem exceção, pelo simples fato de serem tais. Para entender-se melhor o porquê da curiosidade nessa matéria, deve-se notar que, de quando em vez, apareciam afirmações em escritos apócrifos, inflando o número dos que se perdem em relação aos poucos que se salvam. Daí o desejo desse hebreu que acompanhava o Mestre pelo caminho, de obter uma resposta exata, conforme comenta um conceituado exegeta: “É frequente esta preocupação nos rabinos. Pensava-se na salvação eterna, sobretudo na dos israelitas porque os demais haviam merecido sua perdição e quase se alegravam dela” (1).
Aliás, essa é uma questão que passou a ser muito discutida na própria era cristã, debaixo dos mais variados prismas. Por exemplo, em inícios do séc. VI, espalhou-se por certos ambientes da Europa uma heresia sobre a salvação final dos Anjos e homens em sua totalidade, terminando, assim, as penas eternas do inferno. Essa doutrina foi condenada pelo Papa Vigílio, no ano de 543: “Se alguém diz ou sente que o castigo dos demónios ou dos homens ímpios é temporal e que em algum momento terá fim, ou que se dará a reintegração dos demónios ou dos homens ímpios, seja anátema” (2).
Um dos mais delicados estudos talvez seja o teológico, quando as hipóteses levantadas não encontram uma claríssima formulação na doutrina revelada. Esse é justamente o caso em questão, e bem definido pelo famoso e lúcido Pe. Antonio Royo Marin, O.P.:
“Eis aqui um dos problemas mais angustiantes e difíceis que podem oferecer ao teólogo. A pergunta é uma das que, com maior frequência e apaixonado interesse, formula a maioria das pessoas. E, sem embargo, não há outra em toda a Teologia católica que possa responder-se com menos segurança e certeza. A divina Revelação está muito obscura; a Tradição cristã está muito dividida, e a Igreja nada definiu a este propósito. Não podemos mover-nos, por conseguinte, senão no terreno das meras conjecturas e probabilidades.
“Daí a grande diversidade de opiniões, sobretudo entre os pregadores e teólogos. Desde o extremo rigorismo de um Massillon – cujo terrível sermão sobre ‘o pequeno número dos que se salvam’, atormentou tantos espíritos – até o otimismo exagerado e imprudente de tantos outros que salvam quase todo o mundo, há uma grande variedade de opiniões intermediárias” (3).
E com sua concisão sempre clara e luzidia, São Tomás assim se expressa sobre a matéria:
“A respeito de qual seja o número dos homens predestinados, dizem uns que se salvarão tantos quantos foram os anjos que caíram; outros, que tantos como os anjos que perseveraram; outros, enfim, que se salvarão tantos homens quantos anjos caíram e, ademais, tantos quantos sejam os anjos criados. Mas, melhor é dizer que só Deus conhece o número dos eleitos que hão de ser colocados na felicidade suprema” (4).
24 Ele respondeu-lhe: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque vos digo que muitos procurarão entrar e não conseguirão.
É imperativo o conselho de Jesus: “esforçai-vos”, indicando- nos o quanto não se deve deixar para “procurar” entrar à última hora. Mas, infelizmente, é assustador o número de pessoas que, ao longo da vida, se despreocupam de saber o que lhes acontecerá após a morte. Muitos estão dispostos a trocar o Céu pelo fugaz prazer de um segundo e agem tal qual o fez Judas Iscariotes face às enganosas delícias deste mundo: “Que quereis dar-me e eu vo-lo entregarei” (Mt 26, 15). Não são poucos os que preferem Barrabás a Jesus, entregando-se às paixões e pecados em detrimento do convívio sem fim, com Deus. São Basílio descreve o modo pelo qual eles fazem essa insensata opção:
“Com efeito, a alma vacila sempre: quando reflete sobre a eternidade se decide pela virtude. Mas, quando olha o presente, prefere os prazeres da vida. Aqui vê a moleza e os deleites da carne; lá, a sujeição, a servidão e o cativeiro da mesma. Aqui a embriaguez, ali a sobriedade. Aqui os risos dissolutos, lá a abundância de lágrimas. Aqui as danças, lá a oração. Aqui o canto, lá o pranto. Aqui a luxúria, lá a castidade”.
Mas, qual é essa porta estreita? Jesus no-la indica: “Nem todos os que dizem Senhor, Senhor, entrarão no Reino dos Céus, senão aquele que faz a vontade de meu Pai” (Mt 7, 21).
Ela consiste, portanto, na obrigação nossa de abater o orgulho, controlar nosso olhar, pensamentos e desejos, guardar nosso coração das afeições desordenadas, viver da fé e da esperança na prática da verdadeira caridade, etc.
25Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, vós, estando fora, começareis a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos. Ele responderá: Não sei donde sois.
Os Evangelistas costumam relatar as aproximações que o Divino Mestre fazia entre o Reino dos Céus e um banquete... Segundo as praxes da época, por medidas de segurança, além de outras razões, ao chegar o último convidado, o anfitrião trancava as portas. E assim, para tornar ainda mais clara a alegoria da porta estreita para se entrar no Céu, Jesus apresenta a parábola do pai de família que se fecha em casa com os seus filhos e amigos. Os que restaram fora pedirão que lhes deixe entrar, e receberão a resposta: “Não sei donde sois”. A razão dessa resposta não vinha do fato de não haver mais lugar, mas sim, por não terem querido entrar pela porta estreita.
Que surpresa para aqueles que julgavam estar salvos devido à prática de umas tantas e poucas obrigações religiosas...

A cena descrita nesta passagem traduz em termos domésticos uma profunda realidade eterna. A família aqui representada é a divina. A ela pertencem todos os batizados que vivem na graça de Deus e, nesta morrendo, gozarão da felicidade perpétua participativa do convívio da Santíssima Trindade. De fora daquela intimidade ficarão todos os que morrerem impenitentes de seus pecados. O Pai os tratará como estranhos desconhecidos.

Continua ...

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

EVANGELHO XX DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C - 2013

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Continuação dos comentários ao Evangelho  - Lc 12, 49-53 - 20º Domingo Tempo Comum - Ano C - 2013
Jesus Se opõe à tranquilidade da desordem
51“Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a Terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão”.
Estamos diante de uma das afirmações mais incisivas proferidas pelo Mestre em todo o Evangelho: “não vim trazer a paz”. Como é que, o “príncipe da paz” profetizado por Isaías (9,5), Ele, que ao invocar a presença do Espírito Santo dirá: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19), prega não ter vindo trazê-la? Eis um versículo que causa perplexidade nos espíritos cartesianos. A explicação, porém, é simples e profunda: sua paz não coincide com a que é entendida a partir de conceitos deturpados: “não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14, 27). A autêntica paz é a tranquilidade da ordem, nos ensina Santo Agostinho.8 A paz rejeitada por Nosso Senhor é a que se estabelece quando as almas estão unidas no pecado, pela cumplicidade que leva os perversos a se protegerem entre si e a viverem em aparente concórdia, numa falsa harmonia fundamentada no mal. Por vezes pode haver dissensões, originadas sempre em interesses pessoais e egoístas, enquanto no campo dos princípios mantêm-se de pleno acordo.
Um adúltero, por exemplo, protege o cúmplice para fruir de seu relacionamento ilícito; os membros de uma quadrilha de salteadores apoiam-se no momento de roubar, para se apropriarem mais facilmente do bem alheio. A aparente paz reinante entre eles é na verdade a conivência no mal, porque o princípio de união que os congrega é o pecado; estão mancomunados numa acomodação de desordem na qual não há a verdadeira paz, por não haver conformidade com a ordem. Poderíamos comparar tal situação ao paradeiro de um infecto pântano onde se encontra todo tipo de germe de doença. Embora as águas sejam calmas, não estão em ordem, porque reina a podridão, proliferam os micróbios maléficos. A origem desse mútuo apoio está no fato de ser o homem dotado de vigoroso instinto de sociabilidade e, por isso, encontrar dificuldade em praticar o mal sozinho, contrariando sua própria consciência. A fim de romper a Lei de Deus, procura sempre uma companhia que o ajude a amortecer suas à rejeição daqueles que O amam pelos parentes mais próximos, quando estes se fecham ao convite da graça.
Não se trata, é claro, de uma regra absoluta, pois, caso todos estejam no caminho da santidade, a família experimenta a verdadeira paz. Não obstante, se a chama do amor divino não penetra o conjunto, deixa de existir o principal fator de coesão, conforme ressalta o ensinamento de Santo Ambrósio: “Se é preciso dar a honra correspondente aos pais, quanto mais ao Criador dos pais, a quem tu deves dar graças por teus próprios pais! E se eles não O reconhecem de modo absoluto como a seu Pai, como podes tu reconhecê-los? Na realidade, Ele não diz que se deva renunciar a tudo o que nos é caro, porém, que se deve dar a Deus o primeiro lugar. [...] Não te é proibido amar teus pais, mas sim antepô-los a Deus; porque as coisas boas da natureza são dons do Senhor”.’°
Como os que vivem em pecado têm graves problemas de consciência, insatisfação e insegurança, desejam perverter ou destruir quem denuncia sua iniquidade. Esse ímpeto maléfico não respeita nem sequer os laços da natureza, de si tão elevados e abençoados por Deus, como vemos no martírio de Santa Bárbara ou na perseguição sofrida por São Francisco de Assis, além do testemunho de incontáveis outros bem-aventurados. Neles cumpriu-se à risca a predição feita neste versículo, pois foram perseguidos pelos próprios pais.
É esse fogo da caridade que Nosso Senhor veio trazer à Terra que desperta a inimizade dos adeptos da pseudopaz, produz um combate interno na vida familiar e gera uma situação na qual a virtude da fortaleza deve ser praticada, tornando inaceitável a união propagada pelos que desprezam a Deus. Não cabe dúvida de que, em certas ocasiões, devemos praticar a prudência e lançar mão de todos os meios para obter de Deus a salvação eterna de nossos parentes, mas tudo isso sem abandonar a firmeza de nossas convicções cristãs, as quais valem mais que qual quer vínculo terreno.
ACENDEI NOVAMENTE O FOGO DO VOSSO AMOR!
Passados dois milênios desta arrebatadora pregação do Salvador, a Liturgia de hoje vem repetir a conclamação feita por Ele, dessa vez voltada a cada um de nós. Com a mesma caridade empregada ao dirigir-Se a seus discípulos, Jesus nos convida a nos deixarmos consumir como uma chama de louvor e adoração a Ele, recebendo o fogo sagrado que viera trazer ao mundo. Abramos nossas almas para essa combustão renovadora que queima os egoísmos, sana os problemas, eleva as mentes ao desejo das coisas celestes e transpõe as barreiras da falta de confiança, de fé e de ânimo. Basta uma leve correspondência de nossa parte a esse amor para que maravilhas se operem, o poder das trevas seja vencido e se consolide o polo do bem. E quando o vento contrário da divisão se abater sobre nós, tenhamos presente que Jesus já o anunciara e não nos negará as forças para a vitória, pois os maus não podem triunfar sobre o fogo da integridade, da inocência, da radicalidade no bem; numa palavra, da santidade.
Com quanto pesar constatamos que a humanidade de nossos dias está precipitada num insondável abismo de pecado e, mais do que nunca, necessita de uma purificação. A gravidade das ofensas cometidas contra Deus e os riscos de salvação eterna pelos quais passam as almas indicam a indiferença de muitos face à mensagem salvífica do Evangelho. Nessa conjuntura cabe-nos fazer uma pergunta, e com ela um exame de consciência: em que medida temos colaborado na reversão desse quadro? Qual tem sido nossa generosidade à vista de tal situação, cuja única solução se encontra numa total entrega de nossa vida a Cristo, para a qual devemos caminhar com santa sofreguidão?
Um exemplo extraordinário de amor desapegado e cheio de fervor é-nos oferecido por Nossa Senhora. Ela estava consumida pela caridade, preocupando-Se com a situação do mundo, com o resgate das almas que se perdiam, desejando cooperar na conversão da humanidade. Ao Se considerar nada, ardia de zelo e foi, por esta razão, visitada pelo Arcanjo São Gabriel, que Lhe trouxe o prêmio por seu fogo de amor: a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade em seu seio.
Conforme comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, “a principal alegria de Nosso Senhor durante a vida terrena estava numa lâmpada acesa na casa de Nazaré: o Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, cujo amor excedia o de todos os homens que houve, há e haverá até o fim do mundo”.11 Peçamos à Virgem Santíssima que Se digne transmitir-nos uma centelha da caridade ardente de seu Coração, a fim de que seu Divino Filho Se utilize de nós como fiéis instrumentos na propagação desse fogo purificador por toda a face da Terra.
 10) SANTO AMBRÓSIO, op. cit., LVII, n.136, p.415.

11) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência. São Paulo, 7 abr. 1984.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

EVANGELHO XX DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C - 2013

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Comentários ao Evangelho  - Lc 12, 49-53
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda? Tenho de receber um batismo e estou ansioso até que ele se realize. Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão. A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra». Palavra da salvação.( Lc 12, 49-53)
AS MANIFESTAÇÕES DE AMOR DO DIVINO MESTRE
Comoventes e admiráveis são as manifestações de misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo no decorrer de sua vida pública. Sem jamais recusar benefício algum aos infelizes que d’Ele se aproximavam necessitando de auxílio, realizava curas corpóreas e espirituais nunca antes testemunhadas. Certa vez, enquanto caminhava pela estrada que conduzia à cidade de Naim, deparou-se com o funeral de um jovem que falecera deixando a mãe, uma pobre viúva, desamparada e sozinha. Compadecido da triste sorte que a aguardava, Jesus fez o jovem voltar à vida e o restituiu à sua progenitora em excelentes condições físicas, certamente melhores que as anteriores. Noutra ocasião, dez leprosos levantaram a voz a distância, implorando a Ele o fim de seus males. Receberam um olhar benigno do Mestre, seguido da almejada cura, mediante a qual regressaram à vida social, cheios de júbilo. Ainda maiores que estes, porém, eram os benefícios feitos às almas, pelo perdão dos pecados a todos os faltosos compungidos. Incessantes eram os milagres e incomensurável o alcance de seus favores. Por isso, o Apóstolo Pedro sintetizou tais obras afirmando que Ele “pertransivit benefaciendo — passou fazendo o bem” (At 10, 38).
Como ouvimos com frequência palavras cheias de comiseração saídas dos próprios lábios divinos, o ensinamento do Evangelho deste 20° Domingo do Tempo Comum pode causar-nos certa perplexidade por não se coadunar, à primeira vista, com o modo de proceder de Nosso Senhor consignado em outras passagens. Haveria, portanto, uma contradição no ministério de Jesus?
Ou suas palavras sobre o fogo, a divisão e o rompimento dos laços familiares contêm uma profundidade que exige uma análise mais acurada? O texto proposto pela Liturgia deste domingo oferece uma privilegiada oportunidade de compreendermos a verdadeira amplitude da perfeitíssima pregação de Cristo e os seus desdobramentos para a vida de cada um de nós.
UM NOVO FOGO É TRAZIDO  TERRA
Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos:  “Eu vim para lançar fogo sobre a Terra, e como gostaria que já estivesse aceso!”
Ousada é a afirmação do versículo inicial, no qual Nosso Senhor de- - ‘ clara ter assumido a Encarnação com a finalidade de propagar um fogo, sendo tão veemente o seu desejo de vê-lo arder que aguarda com ansiedade a chegada de tal momento. Deveríamos entender tal afirmação num sentido estrito? Teria Ele vindo como uma tocha chamejante, para percorrer todos os quadrantes a fim de produzir um incêndio universal? E evidente que não.
Por outro lado, sabemos que a figura do fogo aparece na Escritura com diversos significados, na maioria das vezes com uma conotação punitiva. No episódio em que uma labareda saída de junto do Senhor devorou os duzentos e cinquenta que tinham se revoltado contra Moisés, tão eficaz foi o efeito produzido que não restaram sequer indícios dos difamadores (cf. Edo 45, 22-24; Num 16, 35). Com um propósito semelhante Elias fez descer fogo do Céu sobre dois capitães, cada qual em companhia de cinquenta soldados, todos imediatamente incinerados (cf. II Re 1, 9-12). 0 Apocalipse prenuncia o fogo que deve ser lançado à Terra na conflagração final para purificá-la (cf. Ap 20, 9-10). Além disso, as menções às penas infernais sempre são acompanhadas pela imagem de um incêndio peculiar, criado por Deus para este fim, cuja energia é Ele próprio, um fogo inteligente que não se apaga.1
Ora, o contexto deste Evangelho denota que o Salvador não alude às passagens antigas já conhecidas pelo público ao qual pregava, nem se refere às chamas do inferno. Suas palavras, envoltas em ar de mistério, versam sobre um fogo novo, preconizado apenas pela pregação de São João Batista.
A humanidade necessitava de uma purificação
À multidão comprimida, ávida por saber se estava ou não diante do Messias, declarou o Precursor em tom solene: “Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (Le 3, 16). Era o anúncio do batismo sacramental, incomparavelmente mais profundo, eficaz e perfeito que o de penitência, e acompanhado por um fogo renovador.
De fato, antes do advento de Nosso Senhor, a humanidade estava pervadida e maculada pelos efeitos do pecado original, tendo se tornado verdadeira escrava das paixões desordenadas. Ao longo dos séculos, houve um paulatino enraizamento dessas más tendências com todas as lamentáveis consequências registradas pela História, fazendo-se indispensável uma purificação. Como operar a santificação da sociedade em tais circunstâncias? Pelas vias normais do esforço ou pela prática de uma virtude natural não se atinge tão elevado objetivo; fazia-se imprescindível um fator determinante originado por iniciativa divina, uma vez que o homem não tinha meios de vencer sua própria maldade, sendo este o magnífico remédio que o Redentor nos viera trazer.
O fogo do amor divino
Através da união da natureza humana com a divina em uma só Pessoa, e pelos méritos infinitos da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, desceu à Terra um fogo capaz de purificar o pântano no qual os homens estavam atolados: “Jesus veio do Céu à Terra para pôr fogo nas almas a fim de depurá-las, queimar suas escórias e torná-las pura prata e ouro diante de Deus: é o fogo da santidade, da caridade; é todo o sistema de santificação que Jesus trouxe ao mundo”.2 Com a Redenção, fomos elevados a um patamar espiritual inimaginável, pois foi-nos aberta a possibilidade de sermos agradáveis a Deus e partícipes de sua própria divindade. Conclamados a assumir a mesma perfeição do Pai Celeste (cf. Mt 5, 48), recebemos para isso a efusão do amor de Cristo que acrisola nosso próprio amor, torna-o meritório e fecundo, além de nos oferecer a possibilidade de vencermos o pecado, que embora ainda lance seu aguilhão já não impera mais. A medida que os homens se deixam penetrar pelo fogo da caridade, os obstáculos aos ditames da graça vão sendo transpostos, porque nada pode deter a marcha daqueles que amam. Quem se entrega por inteiro ao amor sobrenatural torna-se capaz de realizar prodígios, tal como fizeram os grandes heróis da Fé.
Santa Joana d’Arc, por exemplo, montou no cavalo, vestiu uma armadura, liderou um exército e conquistou a liberdade de sua nação. Santa Catarina de Sena, grande Doutora da Igreja, conseguiu que o Papa voltasse à Sé de Roma após mais de meio século de exilio em Avignon, e aconselhou com tanta sabedoria os poderosos de seu tempo que ninguém pôde questionar a inspiração divina de suas palavras. Para ambas não houve lei de prudência humana que significasse um impedimento. Movidas por esse fogo abrasador, devotaram-se a uma causa superexcelente, enfrentaram com determinação sobre-humana as maiores adversidades e mudaram os rumos da História.
Essas foram almas que possuíram a plenitude da caridade, para cuja representação Nosso Senhor não encontrou melhor símbolo que o fogo, pois a chama é atraente, bela, eleva seu brilho para o céu e ilumina. Ao mesmo tempo, contudo, queima, e diante desse poder de combustão não há quem cometa a temeridade de julgá-lo inócuo.
O batismo do Calvário
50 “Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra!”
Evidenciando ainda mais quanto a propagação deste fogo depende de seu próprio impulso, o Mestre revela ter necessidade de passar por um batismo, valendo-Se, para isto, da incisiva formulação “devo receber”. Já recebera Ele, nos primórdios da vida pública, o batismo de São João — do qual não precisava, mas quis ser dele partícipe para santificar as águas do universo, entre outras razões  —, o que torna claro não Se referir aqui ao batismo penitencial. Acima deste — e infinitamente mais valioso! — está o doloroso batismo de sangue operado pelos tormentos da Paixão. O autorizado parecer de Maldonado sintetiza a opinião dos exegetas a esse respeito, uma vez que Nosso Senhor deixa a afirmação envolta numa penumbra um tanto misteriosa: “Chama batismo, indubitavelmente, à sua Paixão e morte, como todos os intérpretes admitem [...]. De sorte que ser batizado, que é propriamente submergir-se nas águas, interpreta-se aqui por padecer e morrer; e batismo, por tribulação, paixão e morte”.4 Dada a suprema perfeição de Cristo, compreende-se não redundar esse batismo em um benefício para Ele, que é Deus, mas sim para a humanidade.
Qual seria a razão de estar Ele ansioso para que isto se cumprisse? O resgate do gênero humano a ser operado através dessa entrega, pois seu amor infinito pelas almas O impelia a querer purificá-las quanto antes e fazer com que esse fogo começasse a consumir as misérias humanas, transformando os homens em perfeitos filhos de Deus. Era o “desejo ardente e generoso com que, como Redentor, Jesus queria de alguma maneira antecipar sua Paixão, devido aos frutos de salvação que ela haveria de produzir para a linhagem humana” .
Tal como se verifica em todos os pormenores e ditos da vida do Salvador, um sublime ensinamento dimana desta passagem: Jesus nos mostra o quanto devemos anelar por ver logo realizado o bem que nos cabe fazer. A partir do momento em que a vontade divina a nosso respeito se torna clara, devemos ansiar por cumpri--la sem demora, empenhando nisso todos os nossos esforços, dedicação e sacrifícios, a fim de sermos instrumento da graça para a salvação do próximo. O fogo da caridade não comporta delongas, pois estas significam um esmorecimento de fervor; assim, Jesus, movendo-Se apenas por amor ao Pai e a nós, caminha ávido para o tormento, como sublinha Santo Ambrósio: “Tamanha é a condescendência do Senhor, que testemunha ter um grande desejo em seu coração, de infundir-nos a devoção, de consumar em nós a perfeição e de levar a cabo, em nosso favor, sua Paixão”.6
A dadivosidade do Coração de Jesus
A infinita dadivosidade de tal entrega nos conduz à consideração dos benefícios recebidos de Cristo: Ele quis encarnar-Se, sofrer todas as vicissitudes de uma natureza humana padecente, tais como fome, frio, sede, calor, cansaço, injúrias.., e, além de tudo, receber o batismo de sangue. Realizou o holocausto com o intuito de reparar nossas faltas e oferecer-nos a purificação de todas as manchas do pecado de nossos primeiros pais, Adão e Eva, devolvendo-nos o estado de graça e reintroduzindo-nos, assim, na familiaridade com Ele pela participação da natureza divina, concedendo-nos o privilégio de sermos filhos do Pai por adoção: seus irmãos e coerdeiros, para gozarmos a eternidade junto a Ele. Desse modo entrevemos, ainda que de forma muito imperfeita, as dimensões extraordinárias do Sagrado Coração de Jesus, coração humano unido hipostaticamente a Deus, no qual há inteira conformidade entre o amor que parte da humanidade e o que se origina na divindade. São dois amores coexistentes num mesmo Coração, tornando-se, por isso, incompreensíveis, inatingíveis e inabarcáveis por nosso limitado intelecto.
Depois do ápice de doação desse Coração consumada no Calvário, compreende-se que o desenrolar da História não mais poderia ser como antes.
UMA NOVA ERA PARA A HUMANIDADE
Após ter sintetizado em dois extraordinários versículos o transbordamento de amor com o qual trouxe a salvação à humanidade, Nosso Senhor acentua, nos seguintes, as consequências da adesão à sua Pessoa e doutrina. Com efeito, desde o primeiro pecado cometido por Adão e Eva até a Encarnação, existia uma força predominante na face da Terra que podemos designar como sendo o poio do mal. Embora vigorasse a promessa divina, assegurando a Redenção, e a solicitude do Criador se exercesse de modo constante em favor dos judeus, é patente que entre os demais povos da Antiguidade existia um só consenso humano pelo qual o mal reinava em todos os ambientes, não havendo meios de os bons realizarem obras relevantes para destruírem o império do demônio. Com base naquela pseudo-harmonia produzida pelo pecado — uma unidade enganosamente perfeita —, os poderes infernais estabeleceram a coesão do mal. Era, por assim dizer, proibido ser bom, e todos os homens, com raríssimas exceções, adaptavam-se à mentalidade dominante. Até os que praticavam o bem o faziam quase sempre na surdina, sem se tornarem conhecidos, sob pena de suas boas ações serem aniquiladas com ímpeto avassalador, caso elas adquirissem vulto significativo.
Ora, a vinda de Cristo ateou o fogo do amor divino sobre a Terra e inaugurou o polo do bem, com extraordinária força de expansão. Como observa o padre Manuel de Tuya: “Esse fogo que Ele propaga na Terra exigirá que se tome partido por Ele. Incendiará muitos, e por isso Ele traz a ‘divisão’, não como um objetivo, mas como uma consequência”.7 Uma radical separação torna-se inevitável, pois quem adere ao bem restringe a ação de quem opta pelo mal e impede o seu progresso, abrindo-se, desse modo, um abismo que os distancia.

Continua no próximo post
1) A esse respeito, diz Garrigou-Lagrange: “São Tomás (C. Gentes, IV, c.90; lila; Suppi., q.70, a.3) e seus melhores comentadores admitem que o fogo do inferno recebe de Deus virtude de atormentar os renegados” (GARRIGOU-LAGRANGE, OP, Réginald. O homem e a eternidade. Lisboa: Aster, 1959, p.153). Ver também SAO TOMAS DE AQUINO. Suma Teológica. Suppi., q.97, a.5, ad 3; a.6, ad 2.
2) GOMA Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio explicado. Años primero y segundo de la vida pública de Jesús. Barcelona: Acervo, 1967, v.11, p.195.
3) Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., III, q.39, a.1.
4) MALDONADO, SJ, Juan de. Comentarios a los Cuatro Evangelios. Evangelios de San Marcos y San Lucas. Madrid: BAC, 1956, v.11, p.609.
5) FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. Vida pública. Madrid: Rialp, 2000, v.11, p.385.
6) SANTO AMBROSIO. Tratado sobre el Evangelio de San Lucas. L.VII, n.133. In: Obras. Madrid: BAC, 1966, v.1, p.411
7) TUYA, OP, Manuel de. Biblia Comentada. Evangelios. Madrid: BAC, 1964, v.V p.855.

8) Cf. SANTO AGOSTINHO. De Civitate Dei. LXIX, c.13, n.1. In: Obras. Madrid: BAC, 1958, v.XVI-XVII, p.1398.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Evangelho Solenidade Assunção da Virgem Santa Maria Lc 1, 39-56- Ano C- 2013

Comentários ao Evangelho Assunção de Nossa Senhora - Lc 1, 39-56 - Ano C- 2013 
39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
Com um grande grito exclamou: “ Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu."
46Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem. 51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa. ( Lc 1, 39-56)
O OLHAR HUMANO E O OLHAR DA FÉ
Ensina o Apóstolo que “o justo viverá pela fé” (Gal 3, 11). Esta afirmação ressalta a natural insuficiência de nossa razão para atingir, por si mesma, determinadas verdades da Religião Católica. Quando a inteligência se dissocia de Deus, perde a capacidade de apreender o que a realidade possui de mais essencial: a presença d’Ele na alma e em todo e universo criado. Basta recordarmos o testemunho de Santo Agostinho que, após percorrer em vão o mundo do pensamento à procura do sentido de sua existência, exclamou: “Tu estavas dentro de mim, mais interior que o meu próprio íntimo e mais elevado que o ápice do meu ser”.1 Ora, esse conhecimento foi-lhe dado pela fé, pois a vista humana não alcança a Deus diretamente.2
De igual forma, quando analisamos as Sagradas Escrituras não é possível acompanhá-las com a pura inteligência. Esta fica aquém da amplitude sobrenatural dos episódios da História Sagrada, de modo especial dos Evangelhos, e a partir de certo limite deve se abrir para as inspirações do Espírito Santo a fim de penetrar em seu sentido divino. Cabe-nos meditar tais fatos enquanto acontecimentos movidos pela ação direta e eficaz do Criador.
A SANTIDADE, UM BEM EXPANSIVO
Após o relato da aparição do Anjo a Zacarias, feito por São Lucas em um diálogo de poucos versículos (cf. Lc 1, 11-20), o Evangelista detalha que “o povo estava esperando [...] e admirava-se de ele se demorar tanto tempo no santuário” (Lc 1, 21). Tal pormenor revela que a conversa deve ter sido mais extensa do que as breves frases registradas pelo texto sagrado. Se assim aconteceu nessa aparição, que pensar da sucinta narração do encontro de São Gabriel com a Virgem Santíssima (cf. Lc 1, 26-38)? Podemos supor que o colóquio não tenha sido tão curto e, por humildade, Maria tenha desejado que ficasse consignado tão só o necessário para a boa compreensão da embaixada vinda do Céu. Consideremos o quanto a oportunidade de discorrer com Ela terá sido um privilégio para o celestial mensageiro, e como terá ele desejado valer-se da circunstância, tirando o máximo proveito. Da parte d’Ela, quantos pensamentos elevados não terá exposto a São Gabriel. Quiçá, até deve ter-lhe pedido conselhos. A grande perfeição da natureza espiritual do Anjo, acrescida da proximidade com Deus, certamente inspirava em Nossa Senhora uma santa afinidade com o mundo angélico.
Entre os temas desse colóquio, podemos supor que Ela tenha incluído o da conveniência de visitar sua prima Santa Isabel, que esperava um filho havia seis meses, como Lhe comunicara o Anjo. Maria se apressou em manifestar sua disponibilidade de ir até ela — que, como veremos, era toda fundada em razões sobrenaturais —, embora fosse provável que antes disso tenha passado certo período em recolhimento, devido ao extraordinário influxo de graças então recebido. Ela não Se julgou desobrigada do dever de dedicar-Se ao próximo, inclinando-Se, com prontidão, a cumprir o caridoso desígnio. É o que narra o Evangelista.
A ação eficaz nasce da contemplação
39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia.
Após dar seu livre consentimento e tornar efetiva a Encarnação por um ato de máxima fidelidade à vontade de Deus (cf. Lc 1, 38), Nossa Senhora não abandonou a vida em sociedade, como o demonstra a visita que fez à sua prima. Quem, ao saber que está gestando o próprio Filho de Deus, tornando-se Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, pensaria numa prima? Uma alma egoísta, após ter recebido a embaixada do Anjo, quereria abraçar uma mal-entendida vida de contemplação, a fim de beneficiar-se das vantagens dessa prerrogativa e gozar das consolações do convívio com o Menino Jesus. Maria fez o oposto: pôs-se a caminho logo, “naqueles dias”, pois os inocentes se interessam mais pelos outros do que por si próprios.
Jerusalém situava-se no alto de uma montanha de aproximadamente 800 metros de altitude e a cidade onde vivia Zacarias Am Karim, segundo uma antiga tradição — ficava num vale, a sete quilômetros ao sudoeste da Cidade Santa. Já Nazaré localizava-se a uma boa distância — cerca de 130 km —, a qual, para ser percorrida, levava de três a cinco dias de viagem, por um caminho penoso e solitário através dos vales da Samaria e das regiões montanhosas da Judeia.3 Nossa Senhora transpôs com ânimo resoluto tais obstáculos para chegar ao vilarejo. Contudo, estaríamos longe de compreender sua impostação de espírito neste trajeto, se não relacionássemos a presteza com que realizou o percurso à sua intensa vida interior.
Sendo uma alma meditativa, imbuída de forte esprito de oração, Ela nos mostra que a boa contemplação redunda na ação bem feita, dá glória a Deus e edifica o próximo. Devemos nos compenetrar de que os espritos fervorosos são aqueles que exercem sua missão com maior êxito, porque agem ao sopro do Espírito Santo. Nesse caso, Maria “é impulsionada por um movimento divino, pelo Verbo que traz em seu seio. Este divino fardo, longe de atrasá-La, A eleva, A faz voar, A transporta para o alto das montanhas”.4
A pressa, manifestação de fervor
Cumpre ressaltar outro aspecto relacionado com uma palavra do Evangelista: “apressadamente”. Por que teve Ela o desejo de partir o quanto antes a fim de estar com a prima? Após a Anunciação, a Virgem Santíssima foi favorecida com nova plenitude do Espírito Santo e estava exultante de alegria. Como o bem é difusivo,5 Nossa Senhora, que não tinha nenhum resquício de pecado e n’Ela tudo era santidade e virtude, logo desejou partilhar os tesouros recebidos. Com São José não tinha a possibilidade de Se expandir, pois os fatos posteriores nos indicam que a Providência agiu com ele de maneira diversa, exigindo-lhe grande confiança em meio a acontecimentos que apenas aos poucos lhe foram sendo esclarecidos. Por isso Ela preferiu deixar nas mãos de Deus qualquer comunicação a ser feita ao esposo. No entanto, como o Anjo havia dito que Santa Isabel já estava no sexto mês de uma concepção miraculosa, Maria julgou ser a ocasião ideal para se encontrar com ela, intuindo, também, não haver junto à prima quem a ajudas se adequadamente.
Ela partiu logo, pois a vida sobrenatural não comporta delongas, preguiça nem desvios. E preciso observar que o fato de estar apressada não significa estar perturbada por qualquer agitação, já que Ela ia, sem dúvida, com todo equilíbrio e calma interior. A pressa vinha do anseio de comunicar as maravilhas que levava em Si, e ainda que tivesse toda a disponibilidade para auxiliar também nas necessidades práticas, essa não era a razão mais importante. A consideração pela prima dava-Lhe a certeza de não haver ninguém melhor para ser sua interlocutora, uma vez que Isabel “estava de certo modo envolvida nos mistérios da Redenção”.6 E por amor ao Divino Filho que engendrava, lançou-Se logo pelos caminhos, como comenta Santo Ambrósio: “Pressurosa por causa do gáudio, dirigiu-se à montanha. Estando cheia de Deus, poderia não elevar-se até às alturas? Os cálculos lentos são alheios à graça do Espírito Santo”.7
Além disso, houve um motivo mais significativo que determinou a viagem, relacionado com a pessoa e a missão de São João Batista. Por revelação do Anjo, sem dúvida a Virgem Santíssima sabia que o filho que Santa Isabel estava para dar à luz era o Precursor e, por esta razão, tinha certeza de que ele estava associado de maneira particular ao plano da salvação. Ora, Ela queria colaborar para que a glória de seu Divino Filho fosse a maior possível, num desejo correspondente ao elevado grau de perfeição e santidade de sua alma. Por tal motivo, correu com o intuito de santificar o quanto antes o Precursor, pois a ideia de que este varão pudesse nascer tisnado pelo pecado contundia seus anseios.
Nossa Senhora foi apressadamente, então, para transmitir com exclusividade a Boa-nova a Santa Isabel e a São João Batista, tornando-Se a primeira Arauto do Evangelho da História. Nesse sentido ressalta Monsabré: “Ela não teme nem as dificuldades nem as fadigas da viagem, pois porta a graça de Deus, e a graça é um dom tão grande que devemos estar dispostos a todos os sacrifícios para levá-lo àqueles a quem está destinado”.8
Os efeitos de uma visita de Maria
40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.  Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
Quanto gostaríamos de saber como Maria cumprimentou Isabel nessa ocasião! São Lucas, porém, não registrou tal pormenor. Tudo indica que Ela, em sua suprema humildade, chegou com discrição, sem chamar a atenção sobre Si. Ao ver a prima, saudou-a, chamando-a pelo nome, e o Espírito Santo agiu de maneira sensível.
Deus é tão delicado — é a própria Delicadeza — que, ao se aproximarem as duas almas eleitas, inundou Santa Isabel de graças, comunicando-lhe que a plenitude dos tempos havia chegado e o Messias estava ali presente no seio virginal de Nossa Senhora. Esta, por sua vez, deu-Se conta de não ser necessário explicar nada à prima.
Bem podemos imaginar a unção e o poder da voz da Mãe de Deus em função de seus frutos. Qualquer música da Terra, por mais bela e perfeita que seja, não pode ser-lhe comparada. Aquela voz tem força e penetração e é extraordinariamente eficaz! Ao dizer Isabel, Maria o fez com tanto amor que a entonação era carregada de sentido sobrenatural doçura e sublimidade, pois “a boca fala do que transborda do coração” (Mt 12, 34).
Sinal disto é o fato de São João Batista ter saltado no ventre de Santa Isabel. A tradição teológica reconhece ter sido nesse momento que o pecado original foi extirpado do menino, tal como se ele houvesse sido batizado.9 Embora uma criança com seis meses de gestação ainda não tenha capacidade de compreender, ele foi objeto de um altíssimo fenômeno místico que, segundo afirmam certos autores, deu-lhe um lampejo de conhecimento racional; contudo, parece mais conforme à fé que a vida divina, existente em Maria em plenitude e superabundância,10 lhe tenha sido transmitida pelo timbre daquela voz virginal e santificadora: a graça penetrou nele e deu-se um verdadeiro Batismo, o qual lhe infundiu as virtudes e os dons, enchendo-o do Espírito Santo.
“O mistério da Visitação foi uma imensa efusão de graças. A graça se esparge sobre o Precursor, santifica-lhe a vida, ilumina-lhe a inteligência, inaugura-lhe e consagra-lhe a carreira, pois esse estremecimento era precisamente a claríssima indicação da presença do Verbo”.’10 No instante da purificação de São João Batista, Santa Isabel foi arrebatada pelo Espírito Santo. Através de quem lhe veio esta graça? Qual foi o caminho escolhido pelo Divino Paráclito para cumulá-la de tais benefícios? Serviu-Se do que transbordava de sua Esposa, que era mais do que suficiente para elevar Isabel ao auge da perfeição. Maria, ao longo de toda a sua vida, sempre esteve ornada de um extraordinário influxo de graças, o qual recebeu um constante aumento até o instante de sua partida para a eternidade.
Conhecer o efeito da voz da Santíssima Virgem constitui, portanto, um magnífico ensinamento para nós. Se as águas foram escolhidas por Deus para a instituição do Batismo e, como sinal sacramental após a invocação do Espírito Santo, têm o poder de lavar o pecado, quão mais poderosa é a voz de Maria, a ponto de santificar São João no ventre materno! Ela ainda não fora coroada Rainha dos Céus e da Terra e, entretanto, já atuava como Intercessora. Bastou sua voz e seu desejo para a criança ficar limpa do pecado original, dando um salto de alegria.
Vemos, pois, como toda transformação ou progresso espiritual é possível quando Nossa Senhora toma a iniciativa de Se debruçar sobre uma alma. Como ensina São Tomás, o amor que desce é eficaz12 e, vindo de Deus e de Nossa Senhora, santifica. Nesse sentido, portanto, observamos uma relevante verdade: em relação aos superiores na linha do espírito, mais importante é ser amado do que amar.
Louvores de uma alma cheia do Espírito Santo
42 Com um grande grito exclamou: “Bendita és tu entre as muheres e bendito é o fruto do teu ventre!’
A expressividade de Santa Isabel deve ser considerada como a reação de uma alma tomada pelo Espírito Santo. Seus gestos e suas palavras são dignos de apreciação. O texto afirma que a prima de Nossa Senhora prorrompeu num “grande grito”, proclamando com força, entusiasmo e encanto o que lhe passava no fundo do coração nesse momento, por divina revelação. Seu clamor nos ensina que, quando uma realidade sobrenatural nos é descoberta, não podemos nos calar, sendo nossa obrigação exteriorizar o júbilo que nos invade e tornar manifesto o reconhecimento pela dádiva recebida. Se assim não procedermos, incorreremos em omissão e nos tornaremos merecedores de uma repreensão semelhante àquela feita aos fariseus inconformados com a glorificação do Salvador: “Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras” (Lc 19, 40).
Nossa atenção é atraída aqui ainda por outro pormenor de grande importância. Santa Isabel poderia ter formulado a frase numa ordem diferente: “Bendito é o fruto do teu ventre e bendita és tu entre as mulheres!”; mas, ao contrário, ela primeiro elogiou Nossa Senhora. Agindo desta maneira, reconhecia que o melhor modo de chegar a Deus é pela Virgem Santíssima. Quem está cheio do Espírito Santo apreende com facilidade esta verdade, enquanto as almas afastadas da luz divina mostram-se reticentes em relação à intercessão de Maria, levantando objeções infundadas a respeito. Nessa passagem, o próprio Espírito nos mostra que a forma mais rápida, segura e certeira para chegar a Nosso Senhor Jesus Cristo é fazê-lo através de sua Mãe.
Humildade e alegria, sinais da presença de Deus
“Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?  Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”.
Santa Isabel prossegue seu elogio, colocando-se numa postura de humildade. Não podemos nos esquecer de que Nossa Senhora era ainda muito jovem — tinha por volta de quinze anos , enquanto a prima era uma anciã. Ao comprovar a superioridade da virginal donzela, a esposa de Zacarias se submete comovida, e não duvida em recebê-La com júbilo, embora se considerando indigna de semelhante graça. Portanto, sua reacção é análoga à de Maria diante do Anjo, quando disse: “Eis aqui a escrava do Senhor” (Lc 1, 38). Pelo teor da exclamação de Isabel podemos concluir que ela, por uma magnífica iluminação interior, soube estar ali Aquela que gestava quem seu filho apontaria, anunciando: “Eis o Cordeiro de Deus!” (Jo 1, 29). Assim, teve conhecimento da Encarnação do Verbo antes mesmo de ser transmitida a notícia a São José, como fruto, sem dúvida, de uma humildade que já lhe habitava a alma desde muito tempo. Por aí podemos medir a importância e o prêmio que nos espera se também nós reconhecermos nossa insuficiência.
Na nova referência ao salto de São João Batista no ventre de Santa Isabel, a mãe caracteriza essa reação como um estremecimento “de alegria”. Quando recebemos a graça santificante, do mesmo modo nos enchemos de júbilo e, se correspondemos a ela, encontramos a verdadeira felicidade. No mundo existem alegrias aparentes que trazem satisfações momentâneas, ao passo que a prática da virtude nos proporciona um contentamento de fundo de alma que predispõe para grandes atos de heroísmo e se prolongará por toda a eternidade. Este é mais um alentador benefício da proximidade de Nossa Senhora — a Mãe da divina graça —, a qual devemos procurar com todo empenho e ardor.
Sem fé não há bem-aventurança
“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
É interessante analisarmos o elogio de Isabel a Maria, ao reconhecê-La como “Aquela que acreditou”. Vinha ela padecendo havia seis meses as consequências da incredulidade de seu esposo que, por duvidar do anúncio angélico sobre o nascimento de São João Batista, ficara mudo. Assim, Isabel pôde meditar durante longo tempo sobre a extraordinária importância da virtude da fé. E com isso melhor admirar a virginal e inocente fé de Maria Santíssima, que, por acreditar plenamente no Anjo, mereceu o prêmio: “Será cumprido o que o Senhor Lhe prometeu”.
Crer é seguir o exemplo de Nossa Senhora, que não exigiu explicações nem procurou condicionar o anúncio do Anjo àquilo que, segundo os seus critérios, poderia ser oportuno. Pelo contrário, consentiu com docilidade em tudo o que São Gabriel predisse, tornando claro que mais importante do que ser Mãe do Redentor — de si mesma uma graça insuperável — é conformar-se por inteiro com os desígnios de Deus.13 Nos futuros anos da vida pública de Jesus, quando Lhe anunciarem a presença de sua Mãe, Ele responderá: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam” (Lc 8, 21); e, mais adiante, ao ouvir um elogio feito a Nossa Senhora pelo dom da maternidade divina, dirá ainda: ‘Antes, bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28). Com tais afirmações, o Mestre deixaria patente que prezava mais a fidelidade de Maria Santíssima à sua Palavra do que o incomparável privilégio de gerá-Lo no tempo.
Por que morreu a Mãe da Vida?
Transcorrida sua vida nesta terra, o que aconteceria com nossa Mãe? Ela, que havia dado à luz, alimentado e protegido o Menino-Deus, e recebido em seus braços virginais o Corpo dilacerado de seu Filho e Redentor, estava prestes a exalar o último suspiro. Como poderia passar pelo transe da morte aquela Virgem Imaculada, nunca tocada pela mais leve sombra de qualquer falta?
Sem embargo, como o suave declinar do sol num magnífico entardecer, a Mãe da Vida rendia sua alma. Por que morria Maria? Tendo Ela participado de todas as dores da Paixão de Jesus, não quis deixar de passar pela morte, para em tudo imitar seu Deus e Senhor.
De que morreu Maria?
À alma santíssima de Maria, concebida sem pecado original e cheia de graça desde o primeiro instante de sua existência, correspondia, portanto, um organismo humano perfeitíssimo, sem o menor desequilíbrio.
Em consequência de sua virginal natureza, Nossa Senhora foi imune a qualquer doença, e jamais esteve sujeita à degenerescência do corpo causada pela idade .
De que morreu, pois, a Mãe de Deus?
O termo da existência terrena de Maria deveu-se à “força do divino amor e ao veemente desejo de contemplação das coisas celestiais, que consumiam seu coração” (3).
A Santíssima Virgem morreu de amor!
“Finalmente, após tantos vôos espirituais, tantos arrebatamentos e tantos êxtases, aquele castelo santo de pureza e humildade rendeu-se ao último assalto do amor, depois de haver resistido a tantos. O amor A venceu, e consigo levou sua benditíssima alma” (4).
Essa morte de Maria, suave e bendita como um lindo entardecer, a Igreja a designa pelo sugestivo nome de “dormição”, para significar que seu corpo não sofreu a corrupção.
A verdade desta glorificação única e completa da Santíssima Virgem foi definida solenemente como dogma de Fé pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, com estas belas palavras:
“Depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a luz do Espírito de verdade, para a glória de Deus onipotente que à Virgem Maria concedeu sua especial benevolência, para a honra de seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória de sua augusta Mãe e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados Apóstolos São Pedro e São Paulo e com a Nossa, pronunciamos, declaramos e definimos que: A Imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial. ( Revista Arautos do Evangelho Agosto 2004)
1) SANTO AGOSTINHO. Confessionum. L.III, c.7, nil. In: Obras. 6.ed. Madrid: BAC, 1974, v.11, p.142.
2) Cf. SAO TOMAS DE AQUINO. Suma Teológica. I, q.12, al; 3.
3) Cf. GOMA Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio explicado. Introducción, Infancia y vida oculta de Jesús. Preparación de su ministerio público. Barcelona: Rafael Casulleras,n1930, v.1, p.318; TUYA, OP, Manuel de. Biblia Comentada. Evangelios. Madrid: BAC, 1964, vV, p.759; FERNANDEZ TRUYOLS, SJ, Andrés. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. 2.ed. Madrid: BAC, 1954, p.22-24.
4) NICOLAS, Auguste. La Vierge Marie d’après l’Évangile. Paris: Auguste Vaton, 1857, vII, p.222.
5) Cf. SAO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., q.5, a.4, ad 2.
6) WILLAM, Francisco Miguel. Vida de Maria, Mãe de Jesus. Petrópolis: Vozes, 1940, p.85.
7) SANTO AMBROSIO. Tratado sobre el Evangelio de San Lucas. L.II, n.19. In: Obras. Madrid: BAC, 1966, v.1, p.96.
8) MONSABRE, OP. Jacques-Marie-Louis. Petites méditations pour la récitation du Sainte Rosaire. 20.ed. Paris: Lethielleux, 1924, p.90.
9) Cf. SANTO AMBRÓSIO, op. cit., n.23, p.97; CAMPANA, Émue. Marie dans le Dogme Catholique. Montréjeau: J.-M. Soubiron, 1913, t.III, p.91; NICOLAS, op. cit., p.228; CASCIARO, José María et al. (Org.). Notas. In: NUEVO TESTAMENTO. 2.ed. Pamplona: Eunsa, 2008, p.382; MARQUES, José A. Comentário a Le 1, 44. In: SANTOS EVANGELHOS. Braga: Theologica, 1994, p.718.
10) Cf. GARRIGOU-LAGR4NGE, OP, Réginald. La Mère du Sauveur et notre vie intérieure. Paris: Du Cerf 1954, p.34-35.
11) CAMPANA, Emile. Marie dans le Dogme Catholique. Montréjeau: J.-M. Soubiron, 1912, t.I, p.296.
12) Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., q.20, a.2.