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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Comentários ao Evangelho IV Domingo do Advento - Ano B

Naquele tempo, 26 O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma Virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria.
280 Anjo entrou onde Ela estava e disse: ‘Alegra-Te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
29 Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação.
30 0 Anjo, então, disse-Lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. ‘ Eis que conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu Reino não terá fim”.
34 Maria perguntou ao Anjo: “Como acontecerá Isso, se Eu não conheço homem algum?”
35 Anjo respondeu: “O Espírito virá sobre Ti, e o poder do Altíssimo Te cobrirá com sua sombra. Por isso, o Menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus.
36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”.
38 Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em Mim segundo a tua palavra!” E o Anjo retirou-se (Lc I, 26-38).
O pórtico de entrada do Salvador: Maria e sua virgindade
Por seu extraordinário amor à virgindade, Maria Santíssima mereceu ser a Mãe de Deus, mostrando para os séculos futuros quanto esta virtude é fecunda e confere força e coragem, a ponto de plasmar heróis.
I - TODO MOVIMENTO TENDE AO REPOUSO
É inerente ao homem, concebido no pecado, padecer cansaço; o lado animal de nossa natureza facilmente se fatiga. Depois de nossos afazeres diários, sejam trabalhos ou estudos, chegada a noite temos uma necessidade vital de repousar, com maior razão se acordamos cedo. O próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, isento do pecado original e de qualquer outra mancha, quis assumir certas deficiências da natureza humana1 e Se cansava, como no episódio em que O encontramos dormindo na barca (cf. Mt 8, 23-27) ou quando está sentado à beira do poço de Jacó (cf. Jo 4, 6).
A fadiga — esta realidade cotidiana — nos traz à lembrança a consideração de São Tomás de Aquino,2 feita com tanta precisão e sabedoria, de que todo movimento tende ao repouso.
Quantas vezes observamos os jovens se agitando com velocidade e energia, de um lado para o outro! Mas ao crescer e maturar eles adquirem o desejo do sossego e da tranquilidade. O espírito humano busca a paz, em meio à movimentação intensa  a que é submetido no decurso da vida. Assim, todos nós aspiramos à estabilidade e à quietude e, por isso, agrada-nos possuir uma propriedade e nela construir uma casa, na qual possamos morar sem nenhuma aflição.
Com frequência os homens têm também a preocupação de fazer perdurar sua memória, deixando neste mundo algo concreto que cruze os tempos e se mantenha através das gerações. Neste sentido, dentre os povos da Antiguidade destacam-se os egípcios: como a Providência deu a teologia e a Religião verdadeira aos judeus, a filosofia aos gregos e o direito aos romanos, àqueles o Senhor havia concedido a ciência. A maior prova dos conhecimentos excelentes que eles cultivavam e do empenho em prolongar seu renome no futuro são as pirâmides, as quais, podendo datar até de 2500 a.C., surpreendem ainda em nossos dias, continuando a ser um mistério seu método de edificação.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

III DOMINGO DO ADVENTO (DOMINGO GAUDETE) – ANO B – Jo I, 6-8. I 9-28

CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO III DOMINGO DO ADVENTO (DOMINGO GAUDETE) – ANO B – Jo I, 6-8. I 9-28
Declaração do Precursor e chamado à conversão
23 João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías.
Se as primeiras palavras do Precursor os deixaram desorientados, estas, sem dúvida, intensificaram a perturbação. Eles já temiam pelo fato de a figura de João Batista ter-se projetado em Israel, provocando grande comoção na opinião pública. As multidões iam ouvir a pregação de São João e receber o batismo, e depois se emendavam. Era a graça do Espírito Santo movendo as almas. Ademais, os fariseus conheciam a Escritura e sabiam o significado do oráculo de Isaías (cf. Is 40, 3) — “eu sou a voz que grita no deserto” —, o qual indicava com clareza que antes do aparecimento do Messias alguém se levantaria no deserto para pregar. Ao referi-lo, São João como que dizia, sem que ninguém ousasse contradizê-lo: “Eu sou aquele previsto por Isaías!”. E este Precursor também lhes falava em conversão: “Aplanai o caminho do Senhor”, ou seja, “mudai de mentalida de para recebê-Lo”.
Para os maus, era apenas o começo da aflição...
24 Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25 perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?” 26 João respondeu: “Eu batizo com água: mas no meio de vós está Aquele que vós não conheceis, 27e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandIias”. 28 Isso aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
Sempre preocupados com os rituais exteriores, os fariseus indagaram a respeito do batismo de João, cientes de que um banho purificador fora predito por vários profetas (cf. Is 1, 16; Ez 36, 25; Zc 13, 1). Que o Messias, Elias ou o Profeta “instituíssem ritos novos, nada tinha de particular; como enviados de Deus, podiam agir conforme suas ordens”.8 Mas se São João não o era, por que batizava? E, novamente, a resposta do Precursor causou perplexidade nos membros da comitiva, pois não a esperavam! E o Espírito Santo que fala pelos lábios e pela voz de São João Batista, para fazer bem aos fariseus. Eles pensavam que São João daria uma explicação justificando, com princípios, o batismo por ele administrado. Porém, para surpresa de todos, ele como que menospreza o próprio batismo, dizendo: Que mal há em batizar com água?
Então, São João Batista se declara Precursor de alguém maior e anuncia que o Messias está entre eles, porque já O tinha batizado, O curioso é que poderiam ter perguntado quem era esse outro, mas não o fazem. Os fariseus têm medo, porque se Ele lhes fosse mostrado, deveriam mudar de vida. Com um Precursor tão exigente, como seria Aquele de quem não merecia sequer desamarrar a correia das sandálias?
O resultado foi uma grande insegurança. Esse “no meio de vós” os incomodava enormemente, porque significava que entre eles se encontrava alguém que era maior do que o que vinha convulsionando o país. Israel era percorrido e penetrado por um espírito novo, que deixava a todos na expectativa. As pessoas se convertiam, choravam seus pecados, batiam no peito e... se esqueciam dos fariseus, dos saduceus e dos escribas. Numa palavra, esse homem atrapalhava, porque pregava uma conversão. Entretanto, acima dele está Aquele outro que é um Senhor incomum, de quem São João Batista dizia que não tinha altura para ser escravo. Estava “no meio deles”, e eles não O conheciam... E ficaram perturbados, enquanto crescia seu ponto de interrogação, por perceberem que o imenso transtorno causado em sua cômoda situação pelo Precursor não passava de um mero tremor, perto do terremoto que ele vinha anunciando...
III - NÃO NOS DEIXEMOS ENGANAR PELA APARENTE ALEGRIA DO PECADO!
De modo bem diferente à incondicional alegria que a vinda do Redentor deveria trazer, eis a correlação entre júbilo e tristeza, euforia e provação, evocada pelo Evangelho deste 39 Domingo do Advento. Enquanto os bons são assistidos pela alegria da esperança, como aconteceu a São João Batista e aos que se converteram ante a perspectiva do aparecimento do Messias, há na alma dos maus tristeza e insatisfação. Cabe ao bom saber interpretar a frustração de quem vive no pecado e não pensar que ele está sendo bem-sucedido. Quando, na segunda leitura (I Tes 5, 16-24), São Paulo exorta “Estai sempre alegres!” (I Tes 5, 16), deseja mostrar que quem se une a Deus, pratica a virtude e trilha o bom caminho, não pode de forma alguma deixar-se tomar pela má tristeza.
O Domingo da Alegria nos revela uma divisão claríssima que caracteriza a humanidade: os bons estão sempre alegres e os maus, por mais que procurem aparentar alegria, vivem na tristeza. Aqueles que estão ligados a Deus têm o contentamento, a segurança e a felicidade de que carece quem se apega às coisas materiais e Lhe dá as costas. Ambos vivem juntos, mas no momento em que o homem que pôs sua esperança no mundo e no pecado vê a alegria verdadeira manifestada pelo bom, ou se converte ou quer matá-lo, tal como fizeram a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Peçamos, nesta Liturgia, a graça de viver na alegria da virtude, como sinal de nossa inteira adesão ao Salvador que em breve chegará!
1) TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO. Oração do Dia. In: MISSAL ROMANO. Trad. Portuguesa da 2a. edição típica para o Brasil realizada e publicada pela CNBB com acréscimos aprovados pela Sé Apostólica. 9.ed. São Paulo: Paulus, 2004, p.l3l.
2) Cf. SAO TOMAS DE AQUINO. Suma Teológica. I-II, q.7O, a.3.
3) SÃO TOMÁS DE AQUINO. Super loannem. CI, lect.4.
4) Cf. TUYA, OP, Manuel de. Biblia Comentada. Evangelios. Madrid: BAC, 1964, vV, p.972-973.
5) RICCIOTII, Giuseppe. Vita di Gesù Cristo. 14.ed. Città dei Vaticano: T Poliglotta Vaticana, 1941, p.307-308.
6) SÃO TOMÁS DE AQUINO. Super Ioannem. CI, lect.12.
7) SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Homilía XVI, n.2. In: Homilías sobre el Evangelio de San Juan (1-29). 2.ed. Madrid: Ciudad Nueva, 2001, v.1, p.205.

8) TUYA, op. cit., p.977.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

III DOMINGO DO ADVENTO (DOMINGO GAUDETE) – ANO B – Jo I, 6-8. I 9-28

CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO III DOMINGO DO ADVENTO (DOMINGO GAUDETE) – ANO B – Jo I, 6-8. I 9-28

Insegurança entre as autoridades de Israel
19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?”
São João redigiu seu Evangelho com o objetivo, entre outros, de contrapô-lo às calúnias e desvios dos chefes da sinagoga, inimigos da incipiente Religião Cristã. Por esta razão, nele estabelece uma clara distinção entre Nosso Senhor e seus discípulos, de um lado, e os membros da classe dirigente de Israel, de outro lado. A estes — e em particular os fariseus, neste versículo — designa com o termo “judeus”.4
Jerusalém estava abalada. O burburinho popular em torno da pessoa de São João fez com que o Sinédrio — composto pelas elites israelitas, sempre muito empenhadas em manter o controle sobre o establishment e não se descolar das suas respectivas bases na opinião pública da época — ficasse preocupado. Pairava uma interrogação tremenda sobre aquele que estava pregando na outra margem do Jordão, num local onde controlá-lo ouprendê-lo para ser examinado no Templo não era tão fácil como seria na própria Cidade Santa.
Segundo o conceito deles, parecia evidente que se São João batizava, o fazia porque era o Messias, ou Elias ou o Profeta. A crença dos judeus em geral era que o Messias esperado abriria perspectivas grandiosas e traria a supremacia do povo
judeu sobre todos os outros. Era possível que Ele viesse batizando, mas seria um batismo de glória e salvação meramente humanas. Elias, por sua vez, constituía uma figura ímpar entre todos os profetas e, enquanto tal, também tinha o direito de batizar. O mesmo se diga do Profeta acima mencionado. Qual dos três era João? Assaltava-os um grande receio pelo fato de personagem tão misterioso não ter passado pela escola deles. Então, a inteligência desses homens punha-se a campo para descobrir sua origem, seus objetivos, e o porquê daqueles gestos, daquela atitude e simbologia.