Comentário ao Evangelho do 27º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Naquele tempo, 5 os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”
6 O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de
mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no
mar’, e ela vos obedeceria. 7Se algum de vós tem um empregado que trabalha a
terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo:
‘Vem depressa para a mesa?’ 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me
o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás
comer e beber?’ 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe
havia mandado? 10Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos
mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”. Lc 17,5-10
I – O ser humano quer relacionar-se com os demais
Imaginemos um
homem punido com o isolamento, preso na masmorra de uma longínqua torre,
convencido de estar inteiramente afastado de tudo e de todos. Nessa triste
situação, sem a mínima possibilidade de comunicação com qualquer pessoa, vê
passarem-se os dias… Certa tarde de calor, porém, deita-se no chão e ouve, de
repente, um rumor de vassoura em plena atividade. Surpreendido, aproxima-se da
parede, coloca ali o ouvido e, percebendo pelos ruídos tratar-se da presença de
alguém do lado oposto, dá algumas pancadas no muro. A resposta chega de
imediato. É outro pobre preso que sofre de igual problema: isolado, deseja
entrar em contato com alguém a quem possa transmitir suas aflições e que o
entenda naquela infeliz situação. Depois de muitas batidas descobrem que,
falando junto ao ralo da cela, conseguem se fazer ouvir um ao outro e, a partir
daí, começa um verdadeiro relacionamento entre ambos os cativos, causando-lhes
imensa consolação. Pois, o isolamento absoluto que era o maior tormento daquele
cativeiro, por ferir o instinto de sociabilidade, de alguma forma, tinha-se
rompido com o estabelecimento desse rudimentar modo de comunicação. Essa
singela história nos ilustra a necessidade intrínseca ao homem de entrar em
contato com seus semelhantes.