CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DA FESTA DA DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO — 9 DE NOVEMBRO —
Mãos que abençoam também castigam
15 Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do
Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas
dos cambistas.
Como devemos entender
o fato de Jesus, a substância da própria Bondade, dar vazão ali à sua divina
cólera? Ele, de quem São Pedro diz que “pertransivit benefaciendo — andou
fazendo o bem” (At 10, 38). Ele, que Se comove às portas da cidade de Naim com
a desolação de uma viúva junto ao féretro de seu filho, e o ressuscita (cf. Lc
7, 12-16); quando o vento e a procela ameaçam a barca dos discípulos, uma ordem
sua acalma por completo a tempestade (cf. Mt 8, 26); preocupa-Se com cinco mil
homens e suas respectivas famílias que O seguem a um lugar deserto, e lhes proporciona
alimento (cf. Mt 14, 15-21); mais tarde, o timbre de sua voz, tão imponente e
poderosa, ergue do sepulcro o amigo cuja morte O fizera chorar, morto havia
quatro dias: “Lazare, veni foras! — Saia fora, Lázaro!” (Jo 11, 43). Ninguém
recorre a Ele sem receber um benefício. Tão longe leva o Mestre a disposição de
nos socorrer, que promete: “Qualquer coisa que Me pedirdes em meu nome, vô-lo farei” (Jo 14, 14). Caminhando para o fim da vida terrena, desejoso de afastar
a perturbação das almas dos Apóstolos, diz: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha
paz” (Jo 14, 27); e no Cenáculo, após a Ressurreição, volta a confortá-los
antes de partir para o Pai: “A paz esteja convosco!” (Lc 24, 36).
Aquelas mãos curam todos
os que se aproximam acometidos por qualquer enfermidade: tocam os olhos de um
cego e este recupera a vista (cf. Mc 8, 25), os ouvidos de um surdo-mudo e, somando-se
o gesto à palavra “Efeta! — Abre-te!”, ele não só ouve como também fala (cf. Mc
7, 34-35). Mãos que livram a sogra de Pedro de uma febre (cf. Mt 8, 14-15), e
ao segurarem a mão da falecida filha de Jairo restituem-lhe a vida (cf. Lc 8,
54-55).