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sábado, 23 de julho de 2016

Evangelho XVIII Domingo do Tempo Comum – Ano C

Comentário ao Evangelho XVIII Domingo do Tempo Comum – Ano C – Lc 12, 13-21
"Naquele tempo, 13 alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: ‘Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo'. 14 Jesus respondeu: ‘Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?'. 15 E disse-lhes: ‘Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens'. 16 E contou-lhes uma parábola: ‘A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17 Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita'. 18 Então resolveu: ‘Já sei o que vou fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19 Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!'. 20 Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?'. 21 Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus'" (Lc 12, 13-21).
Diante dos prazeres, até legítimos, que a vida nesta Terra pode oferecer, facilmente o homem se esquece da eternidade para a qual foi criado.
I - A vocação trocada por uma fechadura...
Conta-se que certa vez um monge acabou por abandonar sua vocação em troca de uma mera bagatela. Havia ele trabalhado durante anos como exímio ferreiro e, em determinado momento, sentira em seu interior um forte impulso para seguir as vias da vida contemplativa. Deixando tudo, dirigiu-se a um mosteiro, onde foi admitido.
Passado algum tempo, foi-lhe destinada uma cela cuja porta rangia e batia sem cessar dia e noite, pois não se fechava bem. Querendo resolver o problema, nosso monge pediu licença ao superior e fabricou uma magnífica fechadura. Além disso, aproveitou para consertar a própria porta, ajustando-a melhor ao marco da parede. Afinal, conseguiu transformá-la numa peça modelar para toda a comunidade.
Encantado com seu próprio labor, passeava pelos corredores do edifício, admirado por não achar nenhuma fechadura comparável à dele, tão perfeita e bem acabada. Entretanto, com o correr dos meses, foi criando dentro de si um apego excessivo pelo acessório, aparentemente inofensivo.

domingo, 17 de julho de 2016

EVANGELHO XVII DOMINGO TEMPO COMUM – ANO C - Lc 11, 1-13

COMENTÁRIOS AO EVANGELHO XVII DOMINGO TEMPO COMUM – ANO C
1 Estando Ele a fazer oração em certo lugar, quando acabou, um dos seus discípulos disse-Lhe: "Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos". 2 Ele respondeu-lhes: "Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todos os que nos ofendem; e não nos deixes cair em tentação". 5 Disse-lhes mais: "Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com ele à meia-noite para lhe dizer: Amigo, empresta-me três pães, 6 porque um meu amigo acaba de chegar a minha casa de uma viagem e não tenho nada que lhe dar;7 e ele, respondendo lá de dentro, disser: Não me incomodes, a porta está agora fechada, os meus filhos e eu estamos deitados - não me posso levantar para tos dar. 8 Digo-vos que, ainda que ele não se levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua impertinência se levantará e lhe dará tudo aquilo de que precisar. 9 Eu digo-vos: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se- vos-á. 10Porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e ao que bate, se lhe abrirá. 11 "Qual de entre vós é o pai que, se um filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, em vez de peixe, lhe dará uma serpente? 12 Ou, se lhe pedir um ovo, porventura, dar-lhe-á um escorpião? 13Se pois vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que Lho pedirem" ( Lc 11, 1-13).
O poder da oração pertinaz!
Com insuperável beleza literária, neste domingo, Jesus não só nos ensina a bem rezar, como nos indica os meios de tornar infalível nossa oração, incentivando-nos a uma confiança sem limites em suas divinas palavras.
I - A ORAÇÃO DE JESUS
Jesus ora ao Pai enquanto homem
Um grande mistério e divino exemplo eram as orações de Jesus ao Pai. Como explicar a atitude do Homem- Deus rogando ao Pai por tantas intenções, se Ele mesmo é onipotente e, sobretudo, sendo Eles iguais entre Si? Não parece um tanto contraditório Deus pedir a Deus um auxílio para Si próprio? Não seria mais adequado Ele diretamente tornar efetivos seus anseios, ao invés de orar?
Essas dúvidas e muitas outras se desfarão se meditarmos sobre um comentário feito pelo santo Patriarca Hesíquio de Jerusalém (1). Diz-nos este autor que, desde toda eternidade, o Filho desejava poder dirigir-se ao Pai enquanto inferior, mas era- Lhe impossível realizá-lo, pois, segundo nos explica a Teologia com base na Revelação, as Pessoas da Santíssima Trindade são iguais entre Si. Por sua vez, também o Pai desejava doar algo ao Filho, mas através de que meio, se Eles são idênticos?