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sábado, 26 de novembro de 2016

Evangelho II Domingo do Advento - Ano A – Mt 3, 1-12

Comentários ao Evangelho 2º Domingo do Advento - Ano AMt 3, 1-12
Mons João Clá Dias
Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: 2 “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”.  João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!”
João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo.  Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João. 6 Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão.  Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8 Produzi frutos que provem a vossa conversão. Não penseis que basta dizer: Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão.
O machado já está na raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo. ‘Eu vos batizo com água para a conversão, mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 2 Ele está com a pá na mão; Ele vai limpar sua eira e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha Ele a Queimará no fogo que não se apaga” (Mt 3, 1-12).
Tempo de uma nova conversão
Ao invectivar a hipocrisia dosfariseus e saduceus, São João nos põe na perspectiva do Juízo Final, do qual ninguém poderá escapar. Naquele dia, de nada valerão as exterioridades se não tivermos produzido frutos que provem a nossa conversão.
ADVENTO, TEMPO PARA UMA REVISÃO
Quando um navio vai sair do estaleiro pela primeira vez, é costume realizar-se uma cerimônia na qual a nova ‘ embarcação recebe o nome e, como desfecho do ato, uma garrafa de champanhe é quebrada de forma espetacular no casco, escorrendo ali todo o seu precioso líquido. Segundo uma antiga crença, quanto melhor for a qualidade do espumante maior será a probabilidade de que o navio singre os mares com segurança. Depois disso, com o costado recém-pintado, liso e completamente limpo, a embarcação é lançada na água e começa a navegar pelos oceanos. Com o passar dos anos a velocidade do navio vai diminuindo, não por perda de força do motor, mas porque no casco se incrustam moluscos em grande quantidade que dificultam a navegação. Para recuperar a rapidez inicial é imperioso retornar ao estaleiro e remover essa crosta. Também os automóveis quando são novos funcionam bem, e depois de certo tempo de uso é necessário submetê-los a uma revisão, a fim de garantir o bom desempenho de seu mecanismo.
Em relação à saúde, nossa situação é parecida. Periodicamente temos de nos submeter a um checkup médico ou ir ao dentista para verificar se tudo está em ordem. Mas, sobretudo, necessitamos fazer uma revisão.., da alma. Temos de analisar com frequência nossa vida espiritual, porque, apesar de sermos batizados, recebermos os Sacramentos com assiduidade e praticarmos com seriedade a Religião, é frequente passarmos por circunstâncias que nos levam a cometer certas imperfeições ou a nos apegarmos às vaidades deste mundo, e adquirimos manias e maus hábitos.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Homilia de Mons João Clá Dias - Advento

Homilia de Mons João Clá Dias - Advento
Não podemos conceber uma vida onde nossa visão do mundo seja meramente natural, divorciada Deus, pois a inteligência é indissociável da fé. A fé deve iluminar a inteligência para que ela se abra à contemplação de Deus nas coisas deste mundo e assim elevarmo-nos, por meio da criação, a seu Criador.
Naquele tempo, 27partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” 28Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que eu posso fazer isso?” Eles responderam: “Sim, Senhor”. 29Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. 30E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo”. 31Mas eles saíram, e espalharam sua fama por toda aquela região. Mt 9,27-31)


domingo, 20 de novembro de 2016

Evangelho I Domingo do Advento- Ano A

Comentários ao Evangelho I Domingo do Advento - Ano A 
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: 37 “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. 38 Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. 39 E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. 40 Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. 41 Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. 42 Portanto, ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor. 43 Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44 Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá” (Mt 24, 37-44).
Mons João Clá Dias
A vigilância: uma esquecida virtude?
Ao se iniciar o Ano Litúrgico, o Divino Mestre nos exorta a termos sempre diante dos olhos o fim último para o qual fomos criados e a estarmos preparados para o encontro com o Supremo Juiz. Para tal é indispensável a prática de uma virtude muitas vezes esquecida ou menosprezada: a vigilância.
FUNDAMENTAL ViRTUDE DA VIGILÂNClA
Ao contemplar a natureza, seja no campo aberto, ou no interior de uma floresta, chamam-nos a atenção certos aspectos, dos quais podemos haurir uma lição para nossa vida espiritual. Vemos, por exemplo, o voo de um pássaro levando no bico um graveto a fim de construir o ninho para colocar os ovos e perpetuar sua espécie. Aquilo é feito com a precisão de um marceneiro — apenas por instinto e não por ter inteligência —, uma verdadeira obra de arte. Imaginemos, então, que essa ave recebesse uma alma, não como o principium vitæ que vegetais e animais têm, mas uma alma imortal como a do homem, que subsiste mesmo quando separada do corpo pela morte. Em tal caso, caberia ao pássaro considerar mais valioso o ninho que ele está armando ou a existência eterna de sua nova alma? A segunda opção é evidente. Sem deixar de fazer o ninho, ele deveria concentrar a primeira preocupação no seu destino sempiterno.
Ora, Deus dotou o homem desta alma imortal. A morte atinge apenas a parte animal da natureza humana, o corpo, o qual ainda ressuscitará. Por conseguinte, o homem tem obrigação de dar mais importância à alma que ao corpo, tudo fazendo com vistas à eternidade, sem, no entanto, descuidar do que é transitório, sem deixar de trabalhar, de ordenar o lar, de educar os filhos, caso siga a via matrimonial, ou de cumprir outras obrigações se abraçou a via religiosa. Não obstante, muitas vezes ocorre uma tragédia: o homem volta-se exageradamente para as coisas concretas e se esquece do que advirá após sua morte e no Juízo Universal.
Com o Advento inicia-se um novo Ano Litúrgico. As quatro semanas deste período simbolizam os milênios que a humanidade esperou pelo nascimento do Salvador. São dias de penitência e de expectativa que a Igreja propõe como preparação para a vinda do Menino Jesus, na Solenidade do Natal, bem como no fim dos tempos.
Por isso, a Liturgia do l Domingo do Advento tem em seu início o seguinte pedido, na Oração do Dia: “concedei aos vossos fiéis o ardente desejo de possuir o Reino Celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”.1E no desejo ardente do Céu e fixando nossos olhos no fim do mundo e na eternidade que teremos forças para praticar a virtude e realizar boas obras.
Em tempo de guerra, se uma sentinela dorme no posto a corte marcial a sujeitará a penas severas por ter abandonado sua obrigação; todos nós somos sentinelas numa guerra muito mais grave do que a defesa da pátria terrena. São Pedro diz que o demônio ronda em torno de nós como um leão, querendo nos devorar (cf. I Pd 5, 8). Constantemente nos vemos cercados de perigos e, se queremos salvar nossa alma, é preciso estar sempre em estado de alerta, sermos vigilantes.
Vigilância: eis o sinal distintivo do Evangelho que abre o Ano Litúrgico.