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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Cristo Rei (final)

Continuação dos posts anteriores sobre Cristo Rei
SE CRISTO É REI, MARIA É RAINHA
Se Cristo é Rei por ser Homem-Deus e recebeu o poder sobre toda a Criação no momento em que foi engendrado, daí se deduz ter sido realizada no puríssimo claustro maternal de Maria Virgem a excelsa cerimônia da unção régia que elevou Cristo ao trono de Rei natural de toda a humanidade.
O Verbo assumiu de Maria Santíssima nossa humanidade, e assim adquiriu a condição jurídica necessária para ser chamado Rei, com toda a propriedade. Foi também nesse mesmo ato que Nossa Senhora passou a ser Rainha. Uma só solenidade nos trouxe um Rei e uma Rainha.
CONCLUSÃO
Agora sim, estamos aptos a entender e amar a fundo o significado do Evangelho de hoje. A resposta ao povo e aos príncipes dos sacerdotes que escarneciam contra Jesus: “Salvou os outros, salve-Se a Si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus” (v. 35), como também aos próprios soldados romanos em seus insultos: “Se és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo” (v. 37), transparece claramente nas premissas até aqui expostas.
Eles eram homens sem fé e desprovidos do amor a Deus, julgando os acontecimentos em função de seu egoísmo e por isso levados a se esquecerem de sua contingência. Cegos de Deus, já há muito afastados de sua inocência primeva, perderam a capacidade de discernir a verdadeira realidade existente por trás e por cima das aparências de derrota que revestiam o Rei eterno transpassado de dor sobre o madeiro, desprezado até pelas blasfêmias de um mau ladrão. Não mais se lembram dos portentosos milagres por Ele operados, nem sequer de suas palavras: “Julgas porventura que Eu não posso rogar a meu Pai e que poria já ao meu dispor mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26, 53). Sim, se fosse de sua vontade, numa fração de segundo poderia reverter gloriosamente aquela situação e manifestar a onipotência de sua realeza, mas não o quis, como o fez em outras ocasiões: “Jesus, sabendo que O viriam arrebatar para O fazerem rei, retirou-se de novo, Ele só, para o monte” (Jo 6, 15).
Quem discerniu em sua substância a Realeza de Cristo foi o bom ladrão, por se ter deixado penetrar pela graça. Arrependido em extremo, aceitou compungido as penas que lhe eram infligidas, e reconhecendo a Inocência de Jesus no mais fundo de seu coração, proclamou os segredos de sua consciência para defendê-La das blasfêmias de todos: “Nem tu temes a Deus, estando no mesmo suplício?
Quanto a nós se fez justiça, porque recebemos o castigo que mereciam nossas ações, mas Este não fez nenhum mal” (vv. 40-41). Eis a verdadeira retidão. Primeiro, humildemente ter dor dos pecados cometidos; em seguida, com resignação abraçar o castigo respectivo; por fim, vencendo o respeito humano, ostentar bem alto a bandeira de Cristo Rei e aí suplicar-Lhe: “Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no teu Reino!” (v. 42)
Tenhamos sempre bem presente que só pelos méritos infinitos da Paixão de Cristo e auxiliados pela poderosa mediação da Santíssima Virgem nos tornaremos dignos de entrar no Reino.
Seguindo os passos da conversão final do bom ladrão, poderemos esperar com confiança ouvir um dia a voz de Cristo Rei dizendo também a nós: “Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso” (v. 43).

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