-->

sábado, 14 de julho de 2012

Evangelho 15º Domingo Tempo Comum - ano B

Final ( último post)


13 “Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam”.
Além do poder de expulsar os demônios, Nosso Senhor deu aos Apóstolos o dom de fazer milagres. Nessa primeira missão, eles operavam as curas ungindo os doentes com óleo, enquanto o Divino Mestre o fazia simplesmente com a força de Sua palavra. O Concílio de Trento viu “insinuado” nessa unção o sacramento da Unção dos Enfermos. Alguns teólogos veem nela as “origens reais” desse Sacramento, ao passo que outros a consideram apenas um “tipo ou figura”.12
É esta uma boa ocasião para recordar alguns dos efeitos deste Sacramento que a Igreja reserva para quem se encontra em perigo de morte, causado por doença ou por envelhecimento. Não é necessário, portanto, para receber a Unção dos Enfermos, que a morte seja iminente; basta que a doença seja grave e possa vir a causar o falecimento, mesmo havendo esperança de cura.
“O principal dom deste sacramento — ensina o Catecismo da Igreja Católica — é uma graça de reconforto, de paz e de coragem para vencer as dificuldades próprias do estado de enfermidade grave ou da fragilidade da ve- lhice. Esta graça é um dom do Espírito Santo, que renova a confiança e a Fé em Deus e fortalece contra as tentações do maligno, tentação de desânimo e de angústia da morte. Esta assistência do Senhor pela força do Seu Espírito quer levar o enfermo à cura da alma, mas também à do corpo, se for esta a vontade de Deus. Além disso, ‘se ele cometeu pecados, eles lhe serão perdoados’ (Tg 5, 15)”.13
Por isso, não é raro que enfermos graves se vejam curados após receber a Unção dos Enfermos, ou tenham a vida prolongada para além das expectativas normais da medicina. Não percamos, pois, oportunidade de proporcionar esta graça inestimável aos que reúnem as condições requeridas para receber validamente este Sacramento.
Entre seus efeitos admiráveis — defendem grandes doutores e teólogos como São Tomás de Aquino, São Boaventura, Santo Alberto Magno, Santo Afonso de Ligório e outros — está o de preparar a alma para entrar diretamente na glória, dependendo das disposições interiores com as quais ela o recebe. Não seriam esses efeitos razão suficiente para pedirmos a Unção dos Enfermos com verdadeira sofreguidão, sempre que uma doença grave nos visitar?
Deus dá, para cada época, os remédios mais adequados
O mundo moderno não necessita menos de ser evangelizado do que o antigo. Mas, por vezes, talvez nos sintamos em desvantagem em relação à época passada, vendo o progresso avassalador do mal e a falta de operários para anunciarem a Boa Nova.
Onde estão os novos apóstolos capazes de fazer milagres, como os de outrora, de expulsar os espíritos impuros e de pregar a penitência como eles? Deus sempre dá para os males de cada época os remédios mais adequados. Quando Jesus convocou os Doze, era mais conveniente, para o bem das almas, que eles realizassem prodígios portentosos a fim de provar a veracidade da doutrina admirável que anunciavam.
E hoje? Que milagres precisa operar quem se dedica ao apostolado, para mover as almas à conversão? Em nossa época tão secularizada, talvez os milagres não produzam o efeito que tiveram nos tempos apostólicos. Por isso, o “milagre” que os autênticos evangelizadores devem fazer é o de anunciar a Jesus Cristo mediante o testemunho de uma vida santa; portanto, praticando a virtude, aspirando à santidade e desprezando as solicitações e os ilusórios encantos do mundo. Este, sim, é o milagre capaz de assombrar o nosso mundo secularizado, pois a prática estável dos Dez Mandamentos não é possível só com as forças naturais da vontade humana, como nos ensina o Magistério Eclesiástico. É preciso que a graça santificante divinize o homem e o faça agir e viver à busca da perfeição.
É esse o portentoso milagre que poderá abalar a incredulidade ou o indiferentismo de nossos coetâneos, como tantas vezes nos recordaram os últimos Papas, e já ensinava o Concílio Vaticano II, referindo-se ao apostolado laical: “Os leigos tornamse valorosos arautos da Fé naquelas realidades que esperamos (cf. Hb. 11,1) se juntarem sem hesitação, a uma vida de Fé, a profissão da mesma Fé. Este modo de evangelizar, proclamando a mensagem de Cristo com o testemunho da vida e com a palavra, adquire um certo caráter específico e uma particular eficácia por se realizar nas condições ordinárias da vida no mundo”.14
Sigamos as sapienciais recomendações do Concílio Vaticano II, sendo autênticos arautos da Boa Nova, como o foram os evangelizadores dos primeiros tempos da Igreja, sobretudo, com a “pregação” de uma vida irrepreensível e santa, segundo os preceitos admiráveis do Evangelho. Só assim uma Nova Evangelização conseguirá vencer a onda de secularismo que invade a sociedade hodierna.
1 AQUINO, São Tomás de. Super Evangelium S. Matthæi. caput 10, lectio 1.
2 Idem, ibidem.
3 TUYA, OP, Pe. Manuel de. Biblia comentada – II Evangelios. Madrid: BAC, 1964, p. 671-672.
4 DUQUESNE, L’abbé. L’Évangile médité – Tome deuxième. Paris: Librairie Victor Lecoffre, 1904, p. 223.
5 Idem, ibidem.
6 Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Aurea.
7 Idem, ibidem.
8 Idem, ibidem.
9 FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo – II Vida pública. Madrid: Rialp, 2000, p. 218.
10 PIROT, Louis; CLAMET, Albert. La Sainte Bible – t. IX. Paris: Letouzey et Ané, 1950. p. 465.
11 Catecismo da Igreja Católica, n. 1431.
12 Cf. PIROT, Op cit., p. 466.
13 Catecismo da Igreja Católica, n. 1520.
14 Lumen Gentium, n. 35.

Nenhum comentário: