-->

sábado, 12 de janeiro de 2013

Evangelho II Domingo do Tempo Comum - Ano C - 2013 Jo 2, 1-11



“Naquele tempo, 1 houve um casamento em Caná da Galileia. A Mãe de Jesus estava presente. 2 Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. 3 Como o vinho veio a faltar, a Mãe de Jesus Lhe disse: ‘Eles não têm mais vinho’. 4 Jesus respondeu-Lhe: ‘Mulher, por que dizes isto a Mim? Minha hora ainda não chegou’. 5 Sua Mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei o que Ele vos disser’. 6 Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. 7 Jesus disse aos que estavam servindo: ‘Enchei as talhas de água’. Encheram-nas até a boca. 8 Jesus disse: ‘Agora tirai e levai ao mestre-sala’. E eles levaram. 9 O mestre-sala experimentou a água que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. 10 O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: ‘Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!’. 11 Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram n’Ele” (Jo 2, 1-11).
O poder de intercessão de Maria
Perfumam as páginas do Antigo Testamento os feitos das santas mulheres que edificaram as sucessivas gerações do Povo Eleito. Todas elas são, sob algum aspecto, prefiguras de Nossa Senhora, e anteciparam o insuperável exemplo de Maria Santíssima na prática das virtudes.
Assim foram Ruth, a moabita, a casta Susana e Judite, a qual venceu o terrível Holofernes quando os governantes de Israel já preparavam a entrega da cidade. O mesmo sucedeu com Ester. Embora frágil, ela foi sensível às súplicas de seu tio Mardoqueu, para interceder junto ao rei a fim de salvar do extermínio os israelitas. Ela rezou, pediu forças e, correndo risco de vida, obteve as boas graças do rei, deixando patente o quanto amava o seu povo.
Como todo símbolo, essas prefiguras são inferiores àquilo que representam, mas elas revelam aspectos da inigualável alma da Virgem Maria.
Uma vez que “Deus Pai ajuntou todas as águas e as denominou mar, e reuniu todas as graças e as chamou Maria”,1 qualquer perfeição existente no universo criado — com exceção de Jesus Cristo, o Homem Deus — é insuficiente para se comparar devidamente com a Mãe de Deus.2
É nessa perspectiva que devemos analisar o Evangelho das Bodas de Caná, onde a insuficiência do vinho deu ocasião ao primeiro milagre de Jesus Cristo, por intercessão de Maria.
O milagre das Bodas de Caná
Não é de estranhar que o primeiro milagre de Nosso Senhor tenha ocorrido durante uma festa de casamento, pois as cerimônias nupciais eram cercadas de extraordinária solenidade naquele tempo, devido à espera do Messias que viria salvar o povo judeu. Os novos casais se formavam na expectativa de figurarem na linhagem do Salvador, e a esterilidade era considerada um verdadeiro castigo.
Segundo o costume vigente, as núpcias começavam a ser preparadas com um ano de antecedência, quando os pais dos nubentes se reuniam para fazer o contrato matrimonial e concertar todo o relativo ao patrimônio, a fim de garantir a estabilidade do novo lar.
Normalmente o banquete de bodas se realizava depois do entardecer, e a noiva se dirigia em cortejo à nova morada, precedida por amigas portando lamparinas, com manifestações de alegria e cânticos. As comemorações tinham nessa época características sui generis e prolongavam-se, muitas vezes, por uma semana, sendo frequente haver grande número de convidados.3

Continua no próximo post.


1SÃO LUÍS GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n.23. 15.ed. Petrópolis: Vozes, 1987, p.30.
2Ensina, a este respeito, São Tomás: “A humanidade de Cristo, pelo fato de estar unida a Deus; a bem-aventurança criada, por ser o deleitarse em Deus; e a Bem-aventurada Virgem, por ser a Mãe de Deus, têm até certo ponto infinita dignidade, provinda do bem infinito que é Deus”. (SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica, I, q.25, a.6, ad.4).
3Cf. FERNÁNDEZ TRUYOLS, SJ, Andrés. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. Madrid: BAC, 1954. p.150-152. 


Nenhum comentário: