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domingo, 10 de março de 2013

Evangelho 5º Domingo da Quaresma - Ano C - 2013 - Jo 8, 1-11


Continuação do comentário ao Evangelho V Domingo da Quaresma Ano C 2013 Jo 8, 1-11



O episódio da mulher adúltera

1Dirigiu-se Jesus para o Monte  das Oliveiras.

Segundo nos diz Alcuíno (2), Jesus passava o dia pregando no Templo de Jerusalém e, ao entardecer, retornava a Betânia para repousar na casa de Lázaro. De acordo com este versículo, nessa ocasião, por ser a última tarde de festa, é possível que Jesus tenha passado a noite em oração, no Monte das Oliveiras. Quem melhor comenta esta passagem é o Pe. Andrés Fernandez Truyols, SJ: “Terminado o ministério apostólico de todo dia, tornado mais árduo pelas discussões às quais seus eternos adversários o obrigavam, que não lhe deixavam momento de repouso, enquanto seus ouvintes voltavam cada um para sua casa, Jesus se retirou para o Monte das Oliveiras. Não parece que se afastasse até Betânia, o que teria sido provavelmente indicado pelo autor. O mais certo é que passasse a noite numa tenda ou uma gruta; talvez naquela que foi considerada por muitos como a Gruta da Agonia ou, porventura, na que se encontra quase no topo do monte, e que a tradição consagrou como a cátedra dos ensinamentos de Jesus, sobre a qual Santa Helena edificou uma basílica. Desse modo, tanto de uma como da outra, Jesus podia dirigir-se rapidamente ao Templo pela porta oriental, que coincidiria mais ou menos com a hoje chamada Porta Dourada. De resto, o Monte das Oliveiras era um local familiar para Jesus” (3).

2 Ao romper da manhã, voltou ao Templo e todo o povo veio a Ele. Assentou-Se e começou a ensinar

Ninguém jamais poderá imaginar a irresistível força de atração exercida por Jesus em relação a quem viesse a conhecê-Lo. Disso dão uma ideia os Evangelhos, que constituem meras sínteses de maravilhas indescritíveis. Tal é seu empenho em fazer o bem que, logo ao raiar do dia, Ele vai ao Templo, certamente já seguido por outros pelo caminho. À sua entrada todos se juntam a seu redor para ouvi-Lo. Era o início de mais uma longa jornada de pregação conversada, na qual poderiam tomar parte ativa, com perguntas ou comentários, quaisquer dos presentes, numa atmosfera inteiramente amena e familiar. Por isso, Ele Se sentou e começou a ensinar. De repente, aquele sagrado convívio foi interrompido por um fato inusitado.

A adúltera é apresentada a Jesus

3 Os escribas e os fariseus trouxeram-Lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. 4 Puseram-na no meio da multidão…

A adúltera foi colocada no centro da multidão, para ser julgada, como fautora de um crime e, dessa forma, ipso facto, constituíram a Jesus como juiz.

Esse fato, inevitavelmente, levanta uma importante questão: o que teria acontecido com o homem implicado na mesma falta? Qual a razão de ele não ter sido apresentado a Jesus, nessa ocasião? Ora, o texto da Escritura é peremptório sobre a obrigatoriedade da punição de ambos: “Se um homem cometer adultério com uma mulher casada, com a mulher de seu próximo, o homem e a mulher adúltera serão punidos de morte” (Lv 20, 10); ou ainda: “Se se encontrar um homem dormindo com uma mulher casada, ambos deverão morrer: o homem que dormiu com a mulher, e esta da mesma forma. Assim, tirarás o mal do meio de ti” (Dt 22, 22).

Várias hipóteses levantam os autores a esse respeito; não encontramos, porém, nenhuma que leve até ao extremo a desconfiança em relação à perfídia daqueles escribas e fariseus. Permitido nos seja, conhecendo a consumada maldade que lhes era característica, levantar uma suspeita sobre a “fuga” do infrator adúltero: não seria ele cúmplice de seus mandantes para, assim, conseguirem um flagrante? Neste caso, provavelmente, a adúltera teria sido induzida ao crime, deixando-se levar mais por ingenuidade e pela inclinação de suas paixões, do que por dolo.

Cabe aqui a pergunta clássica: “A quem aproveitou o crime?” Já na época de Daniel, os acusadores não haviam conseguido agarrar o suposto parceiro de Suzana no adultério caluniosamente inventado pelos dois juízes anciãos. E no caso do Evangelho de hoje, quem era o criminoso? A mulher teria se negado a declará-lo? Espanta-nos a facilidade com que os escribas e fariseus encontraram uma adúltera, para ser introduzida no Templo, bem àquela hora e em tal circunstância, tão favoráveis para armar uma cena show que envolvesse a Jesus.

Acrescente-se este outro dado: duas criaturas humanas, adultas, que fossem perpetrar um crime punido com pena de morte imediata, por mais primitivas que fossem, procurariam se proteger de qualquer risco de um flagrante. Ora, o caso em questão realizou-se em condições tais que dificilmente deixaria de ter sido planejado por terceiros, interessados em sua consecução.

Continua nos próximos posts.

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