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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Evangelho – Solenidade da Ascensão do Senhor – Lc 24, 46-53 – Ano C - 2013


Continuação dos Comentários ao Evangelho – Solenidade da Ascensão do Senhor –  Lc 24, 46-53 – Ano C - 2013

Onipotência e sabedoria de Deus na condução da História
46 Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia.
Estas palavras do Divino Redentor, antes de subir aos Céus, não foram dirigidas somente aos Apóstolos, mas a todos os chamados por Ele a realizar alguma missão junto às almas. São palavras que têm uma certa ordem e concatenação, e assim devem ser entendidas.
Mais uma vez, transparecem na Escritura Sagrada a onipotência e a suma sabedoria de Deus na condução da História. Aconteceu porque estava escrito e, por sua vez, foi previsto e anunciado porque assim deveria se passar, por uma determinação perfeitíssima e suprema de Deus. Este versículo nos convida a um momento de meditação e admiração.
Contemplemos os excelsos desígnios do Ser Supremo que a tudo regula de maneira insuperável, aproveitando-Se para sua glória, não só da virtude dos bons, mas até mesmo do concurso da malícia e ódio dos maus, da enferma vontade dos tíbios, da volubilidade dos indecisos, da voluptuosidade dos passionais, da cegueira dos orgulhosos, do delírio incontenível dos tiranos. Nada deixa de contribuir para sua honra, louvor e glória; de tudo tira proveito com tal equilíbrio que nunca produz o menor prejuízo ao livre arbítrio de uns e de outros.
Adoremos a Providência Divina e a Ela apresentemos nossa gratidão, como também nossa reparação por todas as ofensas que a cada instante sobem ao seu trono. Assim, seremos do número dos bons e Deus se servirá de nossa disposição de alma e de nossas ações para sua maior glória. E peçamos a Ele, por intercessão de sua Mãe Santíssima, jamais pertencermos ao partido dos maus, os quais têm como objetivo de suas existências o disputar com Deus o seu poder. De que lhes vale atribuírem-se a si próprios capacidades inexistentes, ou mesmo reais, se estas absolutamente não lhes pertencem, pois lhes foram conferidas pelo Ser que visam destronar? E qual o proveito que tiram ao darem largas às suas paixões e maus instintos para perseguir a virtude e quem a pratica?
Foi tão estúpida e contraproducente a atuação dos demônios e dos maus judeus em todo o drama da Paixão que se com anterioridade tivessem conhecido seus efeitos — ou seja, a obra da Redenção —, jamais teriam desejado ou contribuído para sua realização.
De todas essas ações e situações, Deus saberá extrair os elementos para sua glória. Mas, o destino de uns será a felicidade do Céu e o dos outros, o suplício eterno.
Metanóia: essência da conversão
47 E que em seu nome havia de ser pregado o arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
Antes de subir aos Céus, o Redentor não lhes dá nenhuma recomendação política e muito menos insinua algo na linha de uma reconquista do poder de Israel. Pelo contrário, suas palavras visam uma atuação estritamente moral, religiosa e penitencial em nome de Deus.
Essa conversão, a qual na sua essência é a mudança de mentalidade (metanóia), já havia sido intensamente estimulada pelo Precursor. João Batista se apresentara como a voz que clama no deserto, a fim de que todos endireitassem os caminhos para a chegada do Senhor. Esse é também o legado do Redentor aos seus, antes da Ascensão. A substituição dos critérios equivocados pelos verdadeiros é indispensável para a real conversão. Saulo, em um só instante a realizou, logo ao cair do cavalo, e assim mesmo passou por um retiro de três anos no deserto para torná-la irreversível, como também profunda e eficaz. Comumente, ela se faz de maneira lenta, após os fulgores de um primeiro como que “flash”, mediante o qual, pela graça do Espírito Santo, a alma se dá conta das belezas das vias sobrenaturais e por elas resolve trilhar com decidida firmeza. Sem essa conversão, é-nos praticamente inútil o Mistério da Redenção e de nada nos adianta o Evangelho. De forma explícita ou implícita — dada nossa natureza racional — a atuação de nossa inteligência e vontade se faz com base em princípios e máximas que norteiam as potências de nossa alma. É sobre essa fonte que se concentra o esforço da conversão. Em síntese, trata-se de substituir o amor próprio, o qual se manifesta no apego às criaturas, pelo amor a Deus.
É de dentro da visualização perfeita a respeito da retidão da prática da Lei de Deus e de sua santidade que brota o eficaz pedido de perdão dos pecados. É nesse contraste que o penitente tem plena consciência da grande misericórdia anunciada por Jesus, antes de sua partida para os Céus. Nem os anjos revoltosos e nem os homens que morreram em pecado receberam essa dádiva incomensurável. E, nesse momento, ela nos foi oferecida pelo próprio Filho de Deus.
Iniciando-se em Jerusalém, do Sagrado Costado de Cristo nasce a Igreja a pregar ali, e depois pelo mundo afora, a Boa Nova do Evangelho. Assim havia profetizado o Antigo Testamento, assim ordenou naquela ocasião o próprio Jesus Cristo.
Continua no próximo post.

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