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sábado, 1 de março de 2014

Evangelho 1º Domingo da Quaresma - Mt 4, 1 -11 - Ano A

Comentários ao Evangelho 1º Domingo da Quaresma - Ano A -Mt 4, 1 - 11
Naquele tempo, 1 o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
2 Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome.  Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pãesl” 4Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.
5 Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-O sobre a parte mais alta do Templo, 6 Lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo! Porque está escrito Deus dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, e eles Te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra”. Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!”
8 Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e sua glória,  Lhe disse: “Eu Te darei tudo isso, se Te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. 10 Jesus lhe disse: “Vai-te embora, satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a Ele prestarás culto”. 11 Então o diabo O deixou. E os Anjos se aproximaram e serviram a Jesus (Mt 4, 1 - 1 1).
Ao triunfar sobre o demônio e as tentações no deserto, Nosso Senhor nos dá a principal garantia de que também nós, sustentados pela graça, podemos transpor incólumes todas as lutas espirituais.
“A VIDA DO HOMEM SOBRE A TERRA É UMA LUTA”
Os fenômenos da natureza humana, mesmo os mais comuns, não raras vezes obedecem a leis que, ao serem analisadas com atenção, podem nos proporcionar valiosas lições. E o que acontece quando sofremos uma fratura e somos obrigados, por exemplo, a manter engessado durante longo período um braço ou uma perna. No momento em que o gesso é retirado comprovamos que o membro atingido, embora antes fosse forte e vigoroso, tornou-se flácido. A musculatura ficou atrofiada pela imobilidade, sendo necessário submetê-la a sessões de fisioterapia para readquirir seu aspecto normal. Algo parecido se verifica com o homem que trabalhou a vida inteira e, ao se aposentar, opta por uma existência scdentária, permanecendo sentado na maior parte do dia numa confortável cadeira de balanço. Tal regime o expõe, com o tempo, a alguma grave doença, pois a constituição do ser humano exige movimento, esforço e combate.
Isso tem sua reversibilidade na vida espiritual, e até com maior razão. Nossa alma precisa exercitar-se constantemente na virtude a fim de aderir ao bem com toda a força, para o que as dificuldades, sobretudo a tentação, contribuem com um importante estímulo, como recorda Santo Agostinho: “Nossa vida neste desterro não pode existir sem tentação, já que o nosso progresso é levado a cabo pela tentação. Ninguém se conhece a si mesmo se não é tentado; nem pode ser coroado se não vence; nem vence se não peleja; nem peleja se lhe faltam inimigo e tentações” .
A Liturgia deste 1º Domingo da Quaresma nos ensina a reconhecer a necessidade e o valor da tentação.
O Paraíso Terrestre: uma maravilha que excede a natureza humana
A primeira leitura (Gn 2, 7-9; 3, 1-7) relata como Deus, depois de criar o homem, o introduziu no Paraíso Terrestre onde “fez brotar da terra toda sorte de árvores de aspecto atraente e de fruto saboroso ao paladar, a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2,9). Segundo São Tomás de Aquino,2 era um lugar muito superior à natureza do homem — moldado com a terra deste mundo e só depois levado para o Eden (cf. Gn 2, 7-8) —, mas ao qual ele se adequava em virtude do dom sobrenatural da incorruptibilidade, infundido por Deus. Podemos supor que a natureza vegetal ali era esplendorosa, com flores, frutos e folhagens dotados de um brilho especial, e animais mais perfeitos que os atuais.
Apesar de estarem cercados de maravilhas, algo faltava a nossos primeiros pais: não tinham o mérito da fidelidade face às vicissitudes e reveses, o mérito da luta. A este propósito, comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Até aquele momento, que luta tinha travado Adão? Nenhuma. Ele não tinha más inclinações, ele não tinha [defeitos] nativos, [...] ele não tinha apetência para o mal. [...] No Paraíso havia tudo, exceto um herói!”.3
Em meio ao esplendor, surge a tentação
Nessa situação de felicidade — narra o Gênesis —, aproxima-se o demônio para tentá-los através da serpente, “o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha feito” (3, la). Ladino, ele inicia um diálogo com Eva e lhe indaga: “E verdade que Deus vos disse: ‘Não comereis de nenhuma das árvores do jardim?” (Gn 3, lb). Deturpação característica do pai da mentira, pois Deus não havia dito isto a Adão, apenas proibira de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, acrescentando uma advertência: “no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente” (Gn 2, 17). Uma vez estabelecida a conversa, o demônio já havia alcançado metade de seu intento. Só faltava levá-los à queda.

Adão e Eva sucumbiram à tentação, mas o Evangelho deste domingo nos ensina a opor resistência ao inimigo infernal, seguindo as pegadas de Nosso Senhor. Por ter assumido a natureza humana, Jesus adquiriu o direito de nos conferir seus méritos e força para enfrentar o demônio, tornando-nos também triunfantes à medida que nos unimos a Ele. E neste episódio nos dá uma lição de como combater.
Continua no próximo post.

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