Comentário ao Evangelho – VI Domingo da Páscoa – Ano A – Jo 14, 15-21
Evangelho
Jo 14, 15-21
“Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 15 ‘Se Me amais,
guardareis os meus mandamentos, e Eu rogarei ao Pai, 16 e Ele vos dará um outro
Defensor, para que permaneça sempre convosco: 17 o Espírito da Verdade, que o
mundo não é capaz de receber, porque não O vê nem O conhece. Vós O conheceis,
porque Ele permanece junto de vós e estará dentro de vós. Não vos deixarei
órfãos. Eu virei a vós. Pouco tempo ainda, e o mundo não mais Me verá, mas vós
Me vereis, porque Eu vivo e vós vivereis. 20 Naquele dia sabereis que Eu estou
no meu Pai e vós em Mim e Eu em vós. 21 Quem acolheu os meus mandamentos e os
observa, esse Me ama. Ora, quem Me ama, será amado por meu Pai, e Eu o amarei e
Me manifestarei a ele’” (Jo 14, 15-21).
O
amor íntegro deve ser causa do bem total
I –O Espírito Santo é a
alma da igreja
Maravilhoso é o dom da vida!
Tanto nos encantam a inocência e exuberância da criança quanto nos impressiona
gravemente a consideração de um corpo humano sem vida. Inerte, encontra-se em
estado de violência, de tragédia, dissonante de sua normalidade. Há pouco
ainda, notava-se nele como todos os membros e órgãos, tão distintos entre si,
entretanto se ordenavam em função da unidade dada pela alma. Ausente esta, o
corpo inteiro entra em decomposição.
Fonte de unidade, vida e movimento
Isso que ocorre na natureza
humana é imagem de algo muito mais elevado e misterioso: a relação da Igreja
com o Espírito Santo. A propósito, esclarece Santo Agostinho: “O que é o nosso
espírito, isto é, a nossa alma em relação a nossos membros, assim é o Espírito
Santo em relação aos membros de Cristo, ao Corpo de Cristo que é a Igreja”.1
Com efeito, o Espírito Santo,
com toda a propriedade, é a alma da Igreja no sentido em que não
lhe comunica seu ser substantivo divino, mas lhe dá unidade, vida e movimento.
Não só isso, mas Ele a santifica, promove seu crescimento e esplendor, fazendo
dela “o Templo do Deus Vivo” (II Cor 6, 16).
De modo que esse corpo moral
extraordinário que é a Igreja, só tem verdadeira vitalidade sobrenatural por
ação do Espírito Santo. É o que afirma o Papa Paulo VI: “O Espírito Santo
habita nos crentes, enche e rege toda a Igreja, realiza aquela maravilhosa
comunhão dos fiéis e une a todos tão intimamente em Cristo, que é princípio da
unidade da Igreja”.2
Ação santificadora sobre as almas
Em Jesus Cristo, a união da
natureza divina com a humana tem por hipóstase o Verbo, a Segunda Pessoa da
Santíssima Trindade. E nas almas dos justos, a graça santificante, que nos
torna participantes da natureza divina, é atribuída por apropriação ao Divino
Espírito Santo.3 É, portanto, Ele o promotor da nossa divinização (com “d”
minúsculo), da nossa união com Deus. “No cristão” — explica o padre Royo Marín
—, “a inabitação equivale à união hipostática na pessoa de Cristo, embora não
seja ela, mas sim a graça santificante, que nos constitui formalmente filhos
adotivos de Deus. A graça santificante penetra e embebe formalmente nossa alma,
divinizando-a. Mas a divina inabitação é como a encarnação do absolutamente
divino em nossas almas: do próprio ser de Deus tal como é em Si mesmo, um em
essência e trino em pessoas”.4
Para aproveitarmos
convenientemente as graças da comemoração de Pentecostes, que se aproxima, a
Liturgia deste domingo nos convida a considerar a maravilha da ação
santificadora do Espírito Santo em nossas almas. Quão necessitado está o mundo,
na situação presente, de um sopro especial d’Ele para mudar os corações e
renovar completamente a face da Terra! É nesta perspectiva que devemos refletir
nas sublimes palavras do Divino Mestre, propostas pela Igreja à nossa enlevada
meditação neste dia.
Continua no próximo post.
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