CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO — XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A
III – A PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA
31 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: “O Reino dos Céus
é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. 32
É a menor de todas as sementes, mas, depois de ter crescido, é maior que todas
as hortaliças e chega a tornar-se uma árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar
nos seus ramos”.
Os ouvintes desta
parábola conheciam bem a denominada Sinapis nigra em botânica, vulgarmente
chamada mostarda (Mustum ardens), característica por sua minúscula semente que,
entretanto, ao ser plantada, produz um viçoso arbusto sempre verde. Não é raro
acontecer de um exegeta, por pura curiosidade, cultivá-la em seu jardim e
arrancá-la depois de um ou dois anos, pelo receio de sua vigorosa fecundidade.
É erva muito comum na Palestina, sobretudo nas regiões de maior calor, chegando
a atingir três a quatro metros de altura, de modo que as aves fazem ninhos em
suas ramagens.
Quiçá Deus tenha
criado a mostarda principalmente para servir de elemento para esta bela parábola
do Salvador. Pequeníssima em seu ponto de partida, surpreendente em seu
desenvolvimento final, esse vegetal bem serve para ilustrar a etiologia e força
do apostolado católico, e o próprio Reino dos Céus. Quem esteve presente quando
Jesus, pouco antes de subir aos Céus, transmitiu suas instruções aos onze
Apóstolos (9), não poderia imaginar que, no futuro, haveria multidões de fiéis
assistindo aos funerais de João Paulo II, ou à Missa inaugural do Pontificado
de Bento XVI.
O crescimento é um
elemento essencial no ensinamento desta parábola. O Reino de Deus e o
apostolado são quase imperceptíveis em seu começo, mas ao longo do tempo sua
expansão será incalculável, sobretudo pela desproporção entre a escassez dos
meios e a grandeza dos efeitos.
Quando um bebê é
levado à pia batismal e ali é tocado pelas águas da graça, Deus o santifica.
Anos mais tarde algumas dessas tenras e delicadas crianças serão gigantes na
fé, e não há quem não conheça um São João Bosco, ou uma Santa Teresinha do
Menino Jesus, por exemplo. Árvores frondosíssimas, nascidas de cerimônia tão
simples... Seguindo o conselho de São Jerônimo, comparemos as máximas
evangélicas com as sentenças dos grandes sistemas filosóficos, ou até mesmo com
as grandes descobertas científicas dos dias de hoje. Nada mais oposto em termos
de simplicidade e complexidade. Entretanto, é só dar tempo ao tempo para
comprovarmos os efeitos diversos.
IV – A PARÁBOLA DO FERMENTO
33 Disse-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é
semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha
até que tudo esteja fermentado”.
Certos antigos e
conceituados comentaristas julgaram, erroneamente, tratar-se esta parábola de
uma repetição da anterior. Elas possuem muita afinidade entre si, mas aqui
Jesus tem outro objetivo: “até que tudo esteja fermentado”. Não se trata,
portanto, da mera união da farinha com o fermento, mas da força e do vigor na
capacidade de ação do elemento menor sobre o maior. Do mesmo modo o Reino dos Céus
tem essa intensidade de penetração e transformação das almas, fermentando-as
com os ensinamentos evangélicos.
A anterior parábola
retrata a capacidade de expansão universal do Reino dos Céus. Esta última
mostra o vigor interno que ele possui para influenciar as almas.
V – CONCLUSÃO
Foram de fácil
assimilação para os Apóstolos as parábolas da mostarda e do fermento;
entretanto, a do joio deixou-os muito intrigados. Por isso quiseram saber seu
exato significado (vv. 36-43). O Divino Mestre insiste na questão do fim do
mundo e do Juízo final, importante Novíssimo, cuja meditação nos ajuda a evitar
o pecado.
No seu todo, a
Liturgia de hoje acentua o quanto devemos crer na força de expansão e de
penetração da Igreja, enquanto insiste também na necessidade da vigilância —
sobretudo nas horas de diminuição da sensibilidade — quer quanto a nós
individualmente, quer no tocante à opinião pública.
Com olhos de fé,
esperança e caridade, pensemos no período final do acontecer humano e
preparemo-nos para o dia da grande ceifa, dentro de uma plena santidade de
vida, costumes e relações sociais, de tal modo que, quando chegar a hora,
possamos “resplandecer como o Sol no Reino do Pai”.
1 ) Comentario a los cuatro Evangelios — I Evangelio
de San Mateo, BAC, Madrid, 1950.
2) Idem.
3 ) Cf. Mc 4,
27.
4 ) Hom. 47 in
Mt.
5 ) Cf. Suma
Teológica II-II, q 165, a 1c.
6 ) Conselhos
e lembranças, n. 37.
7 ) Hom. 47, in Mat.
8 ) Cf. P. Luis de la Puente, Meditaciones,
Apostolado de la Prensa, Madrid, 1950, t. I, p. 3ª méd. 45, pág. 976.
9 ) Cf. Mc 16,
15-18.
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