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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Evangelho XXVI Domingo do Tempo Comum – Ano B - Mc 9,38-43.45.47-48

Comentário ao Evangelho – XXVI Domingo do Tempo Comum – Ano B
Naquele tempo, 38João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40Quem não é contra nós é a nosso favor. 41Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa.
42E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço. 43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48 ‘onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga’”. Mc 9,38-43.45.47-48
Ai de quem escandalizar!
O Divino Mestre nos mostra como não se pode fazer a mínima concessão ao mal, pois para conquistar o Céu é preciso ser íntegro na prática do bem.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
I – O homem, imagem do Supremo rei e celeste pintor
O magnífico Museu do Prado, em Madri, recebe diariamente milhares de visitantes que percorrem suas extensas galerias, desejosos de admirar o incomparável acervo de obras-primas dos maiores artistas da História.
Há muitos anos, um homem que lá entrara despercebido em meio à multidão foi retirado pouco depois, algemado, por policiais. Seja por desequilíbrio mental, seja por maldade, em certo momento de descuido dos funcionários do museu, ele jogou um líquido negro sobre o famoso retrato equestre do Imperador Carlos V, pintado por Ticiano. O crime chocou a opinião pública. Por um gesto estúpido, ficara seriamente danificado o célebre quadro.

Ora, se grave é estragar uma obra artística desse quilate, quem leva outros a pecar faz muito pior: estraga não uma valiosa pintura, mas uma alma, espiritual e imortal, da qual é expulsa a luz da graça. E a imagem assim conspurcada não representa um monarca desta Terra, mas o Supremo Rei e Celeste Pintor, autor de todos os predicados destruídos pelo pecado.
Sobre as sérias consequências de cada ato humano nos advertirá o Divino Redentor neste Evangelho do 26º Domingo do Tempo Comum.
II – A preocupação pelos bens sobrenaturais
O trecho do Evangelho considerado nesta Liturgia é antecedido por uma admoestação de Nosso Senhor aos Apóstolos, sobre o orgulho. Sabendo o Mestre, por seu conhecimento divino, que em caminho para Cafarnaum estiveram discutindo sobre qual deles era o maior, ensinou-lhes a, pelo contrário, cada um se considerar inferior aos outros: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos” (Mc 9, 35). Para isso, é indispensável ter sempre presente o quadro das próprias misérias e evitar as comparações com os demais.
Logo a seguir São Marcos narra o episódio recolhido na liturgia deste domingo, no qual o Apóstolo João demonstra não ter compreendido muito bem esse ensinamento de Nosso Senhor, pois manifestará, como veremos, ciúmes dos dons sobrenaturais percebidos em outros.
Para retificar essa visualização equivocada, Nosso Senhor dará três lições. Primeira, sobre o despropósito dos mencionados ciúmes; segunda, a respeito da gravidade de escandalizar os pequenos; e, por último, sobre o escândalo em relação à própria consciência.
Ciúmes sobrenaturais...
“Naquele tempo, 38 João disse a Jesus: ‘Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue’”.
São João e São Tiago eram chamados “filhos do trovão” (Mc 3, 17), “devido à firmeza e grandeza de sua Fé”,1 segundo indica São Jerônimo, e também pelo seu temperamento colérico. Lembremos como, em certo momento, eles quiseram fazer descer fogo do céu sobre uma cidade da Samaria... (cf. Lc 9, 52-54). Mais tarde, ambos mudaram tanto, pela ação do Espírito Santo, que o próprio São João, em sua primeira epístola, se dirige a seus discípulos com o apelativo de “filhinhos”. Eis um exemplo do incalculável poder de transformação da graça.
Neste episódio, porém, ele ainda considerava o círculo íntimo do Mestre detentor do monopólio da virtude, do ministério e da capacidade de fazer o bem, com exclusão de todo o resto. É uma ideia de grupo fechado, muito comum na mentalidade farisaica. Daí os ciúmes ao ver alguém que “não nos segue”, operar fenômenos sobrenaturais em nome de Jesus.
Os Apóstolos eram ainda muito tendentes a analisar todas as coisas, mesmo as sobrenaturais, fora de uma perspectiva eterna. Quando assim se procede, logo se manifesta a miséria humana através de ciúmes, invejas e dificuldade em aceitar os ensinamentos do superior.

O poder da mediação
Continua no próximo post

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