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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Evangelho V Domingo da Páscoa – Ano A – Jo 14, 1-12

Comentário ao Evangelho V Domingo da Páscoa – Ano A – Jo 14, 1-12
As dúvidas de alguns ajudam a fé de muitos
As antigas revelações eram conhecidas e abraçadas pelos Apóstolos. Porém, as inovações externadas pelo Senhor ampliaram muito seus horizontes, causando-lhes algumas perplexidades. As dúvidas positivas de Tomé e as ingênuas de Filipe contribuíram para enriquecer ainda mais as novas revelações.
“Não se perturbe o vosso coração. Acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar um lugar para vós. Depois que Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e tomar-vos-ei comigo, para que, onde estou, estejais vós também. E vós conheceis o caminho para ir aonde Eu vou”. 
Tomé disse-Lhe: “Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?”. Jesus disse-lhe: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; mas desde agora O conheceis e já O vistes”. Filipe disse-Lhe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Jesus disse-lhe: “Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu também o Pai. Como dizes, pois, mostra-nos o Pai? Não acreditais que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim mesmo. O Pai, que está em Mim, faz as suas obras. Crede em Mim: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Crede-o ao menos por causa das mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo, que aquele que crê em Mim fará também as obras que Eu faço; e fará outras ainda maiores; porque Eu vou para o Pai” (Jo 14, 1-12).
“Não se perturbe o vosso coração”
“Não se perturbe o vosso coração. Acreditais em Deus, acreditai também em Mim”.
A previsão feita por Jesus a Seus discípulos, sobre a tríplice negação de Pedro, antes de o galo cantar, como também o anúncio da traição que iria ser perpetrada por Judas, foram de molde a perturbar seus corações 1. E por isso afirma Maldonado: Na opinião de todos os autores gregos, esta frase foi dita por Cristo para os Apóstolos não se assustarem demais ao ouvir a previsão a respeito de Pedro (o qual O negaria) e pensarem que eles também, contra a sua vontade, iriam traí-Lo, uma vez que o chefe e mais valente de todos haveria de cair 2. Daí, também, concluírem alguns desses autores constituir esse conselho de Cristo uma prova de Sua divindade, por demonstrar conhecer o pensamento de Seus discípulos.
Os Apóstolos tinham fé em Deus desde a infância por terem sido educados nos princípios da religião verdadeira pelos pais. Por outro lado, em inúmeras ocasiões tiveram a oportunidade de manifestar essa crença. Mas, a partir de então, Jesus quer um passo a mais nesse caminho. É até mesmo o ‘leitmotiv’ de todo esse discurso: Jesus exige de seus discípulos que eles tenham fé nEle como a possuem no Pai, que creiam que Ele está no Pai e que o Pai está nEle 3.
Antes de sua partida, Cristo lhes eleva o ânimo: que não haja perturbação. Assim como “acreditais em Deus, acreditai em Mim também”. Já que crêem em Deus, creiam também nEle; que essa fé se mantenha e aumente durante sua ausência, apesar de presenciarem sua morte na Cruz; que creiam nEle como no Filho de Deus, tema do Evangelho de João [...] Parece que por isso o primeiro verbo está no presente de indicativo, e o segundo, no imperativo 4.
A crença no Filho de Deus traz ao coração uma tranquilidade imperturbável, a verdadeira confiança e serenidade, em uma palavra, uma paz sólida, pois, apesar de todos os obstáculos, lutas e debilidades que possamos sofrer, Deus e Seu Cristo triunfam em Sua onipotência, como comenta Crisóstomo: A fé que tendes em Mim e em meu Pai que Me engendrou, é mais potente que todos os acontecimentos que possam sobrevir: nenhum obstáculo tem poder contra ela. Desse modo manifesta o poder da Divindade, que punha em evidência os pensamentos latentes em suas almas, dizendo: “Não se perturbe o vosso coração” 5.

Esse conselho de Jesus também se estende a nós, pois, se temos a Cristo que com Sua providência divina governa todas as coisas e que de todos os acontecimentos pode tirar frutos para Sua glória, como pode perturbar-se nosso coração? Ele é nosso Salvador que tudo previu e que, além de ter passado por todas as provas, nos acompanha a cada passo com uma profusão de graças e dons, visando nossa própria glorificação. Em vista disto, não ter fé, ou tê-la de forma débil, ou até mesmo não saber apoiar-se nela durante as dificuldades, aflições e angústias, é ser infeliz. E pior ainda quando se busca consolo no mundo ou na carne, porque ambos são incapazes de nos ajudar.
Continua no próximo post.

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