Naquele tempo, 13 Jesus foi à região de Cesareia de
Filipe e ali perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do
Homem?”
14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista;
outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”.
15 Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que Eu
Sou?”
16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do
Deus vivo”.
17 Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho
de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que
está no Céu. 18 Por isso Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. ‘ Eu te
darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na Terra será ligado
nos Céus; tudo o que tu desligares na Terra será desligado nos Céus”.
20 Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem
a ninguém que Ele era o Messias (Mt 16, 13-20).
COMENTÁRIOS AO EVANGELHO Mt 16, 13-20 XXI
DOMINGO DO TEMPO COMUM
A fé de Pedro, fundamento do Papado
Num ardoroso ímpeto
de fé, São Pedro adianta-se aos outros Apóstolos e proclama que Cristo é o
Filho de Deus. Como recompensa a este ato de fidelidade, Jesus o constitui a
pedra sobre a qual edificará sua Igreja.
I – PARA BEM CONHECER JESUS É PRECISO TER FÉ
Se analisarmos as
operações da inteligência e da vontade humana, facilmente constataremos uma
peculiaridade que as torna muito distintas uma da outra. Valendo-nos de
linguagem figurada, podemos dizer que a primeira faz com que as coisas
entendidas venham até si; a segunda, pelo contrário, voa até elas, ao
desejá-las. Neste sentido, afirma São Tomás que “há conhecimento quando o
objeto conhecido está no que conhece; já o amor quando o amante está unido à
coisa amada”.1 O ato de entender implica, portanto, em adequar às dimensões de
nossa inteligência tudo quanto nós assimilamos. Quando se trata de compreender um
objeto inferior a nós, nossa razão o enriquece, e este passa a existir em nossa
mente de modo mais nobre do que é em si mesmo.
Por exemplo, ao dedicar-se
a estudar uma formiga, um cientista é capaz de destrinchá-la com o auxílio de
microscópios, utilizá-la para experiências químicas, extrair dela o ácido fórmico.
Haverá ainda quem estabeleça correlações entre certas características de seu
comportamento — tais como a determinação e a tenacidade em providenciar
alimento e transportá-lo para o formigueiro, ou sua tendência gregária — e uma
série de princípios psicológicos. A inteligência humana pode, então, encontrar
na formiga valores que esta jamais compreenderá, por ser
irracional, conferindo-lhe uma importância que transcende à de um mero inseto.
Bem diferente, porém,
é o que acontece quando pretendemos Conhecer seres superiores a nós, porque
como não conseguimos abarcar sua grandeza, nossa inteligência os diminui até
ficarem proporcionados aos limites desta. Tal é, precisamente, a função de um bom
mestre: tomar doutrinas complexas e traduzi-las de maneira acessível, conforme
a capacidade dos alunos. Se assim não proceder, seus ouvintes, menos preparados
e sábios, não conseguirão aprender.
Estas Considerações
nos ajudarão a acompanhar melhor a Liturgia do 21° Domingo do Tempo Comum, pois
elas se aplicam a certos episódios da existência terrena de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Jesus começa sua pregação
Na aparência, a vida
de Jesus até cerca de 30 anos transcorreu como a de um homem comum. Velando os
reflexos de sua divindade, ajudava o pai no serviço e era conhecido como “o
filho do carpinteiro” (Mt 13, 55), noção fácil de ser assimilada. São José, em
sua simplicidade, também não deixava transparecer toda a sublimidade de sua
vocação era pai adotivo do próprio Deus Encarnado! e ninguém, fora do seio da
Sagrada Família, percebia o altíssimo mistério que nela se realizava. Embora
Jesus e José fossem bem conceituados na pequena Nazaré, pela honestidade, perfeição
e responsabilidade com que executavam seus trabalhos, é evidente que tal
apreciação estava muito aquém de sua autêntica dignidade.
Entretanto, em certo momento
morre São José e, algum tempo depois, Nosso Senhor começa o seu ministério,
dirigindo-Se a cidades mais importantes do que Nazaré, tais como Cafarnaum,
Corozaim e Betsaida. Conforme narram os evangelistas, Ele “percorria toda a
Galileia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando
todas as doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4, 23). Sua fama logo se
difundiu “por todos os lugares da circunvizinhança” (Lc 4, 37), de sorte que
“onde quer que Ele entrasse, fosse nas aldeias ou nos povoados, ou nas cidades,
punham os enfermos nas ruas e pediam-Lhe que os deixassem tocar ao menos na
orla de suas vestes” (Mc 6, 56). Quando instruía o povo, “maravilhavam-se da
sua doutrina, porque Ele ensinava com autoridade” (Lc 4, 32) e, ao operar
milagres, provocava assombro a ponto de suscitar a exclamação das multidões:
“Jamais se viu algo semelhante em Israel” (Mt 9, 33). Uma simples ordem d’Ele
fez cessar a tempestade e acalmou o mar, impressionando tanto os discípulos,
que estes se perguntavam uns aos outros: “Quem é este Homem a quem até os
ventos e o mar obedecem?” (Mt 8, 27). Todavia, esse impacto por Ele causado
produzia incômodo nos judeus. Por quê?
Continua no próximo post.
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